Olá nova época, toma lá uma Supertaça com espetáculo à portuguesa
No episódio de estreia do ‘No Princípio Era a Bola’, o novo podcast da Tribuna Expresso, Tomás da Cunha e Rui Malheiro esmiúçam o que se viu de Benfica e FC Porto no primeiro clássico da época, antes de dissecarem as novidades no SC Braga e Sporting e de distribuírem os prémios com que, a cada semana, vão destacar jogadores ou equipas do futebol português e lá de fora. Emissão conduzida por Diogo Pombo
O futebol é um jogo simples que muita gente complica. Por isso vamos analisá-lo e descomplicá-lo com a ajuda de quem sabe. Todas as semanas, Tomás da Cunha e Rui Malheiro vão explicar tudo sobre os jogos e as equipas de futebol em Portugal e lá fora. Acompanhe o novo podcast da Tribuna Expresso.
No abrir da cortina do primeiro episódio deste podcast, pegando logo na Supertaça jogada na véspera, Tomás da Cunha arrancou a frisar como “foi um espetáculo à portuguesa, claramente, um jogo muito marcado pelas faltas, pelos cartões, por aquela parte final em que tivemos problemas em terminar o jogo devido à postura de Sérgio Conceição”. Fora isso, prosseguiu, “havia mais dúvidas do lado do Benfica e confirmou-se isso, na prática”, explicando: “Roger Schmidt não quis entrar com Musa, que seria a escolha mais previsível, e como se observou, o FC Porto na primeira parte esteve muito mais confortável dentro do registo de pressão alta e com o Benfica algo descaracterizado, pois não tinha maneira de sair de forma direta e, por vezes, havia alguma confusão no posicionamento de Rafa e de Aursnes também, que muitas vezes, era o homem mais adiantado da equipa e pouco participou ao longo da primeira parte.”
E desenhou os entroncamentos que ditaram o (des)equilíbrio de forças na primeira parte: “Nos últimos 15 minutos, o Benfica teve alguma capacidade para equilibrar a partida porque, até então, tinha sofrido muito para conter, sobretudo, o lado esquerdo do FC Porto. Di María é um vagabundo, não é propriamente um extremo direito, nem tem a disciplina defensiva que pode ter tido noutras fases [da carreira], portanto, nas costas do argentino Zaidu tinha uma cratera para avançar e Galeno encontrou, muitas vezes, Bah um-para-um. Creio que foi esse o grande pecado do FC Porto: eventualmente, com jogadores de outro nível na decisão e em termos técnicos, tinha ali chegado a uma vantagem se calhar até de mais do que um golo, e o jogo poderia ter sido diferente. Não acontecendo, houve a tal correção de Roger Schmidt ao intervalo e esse papel do técnico alemão acabou por se revelar decisivo pelo impacto de Musa e pela forma como o Benfica passou a ter as peças no local certo.”
Pegando na deixa, Rui Malheiro reforçou que “Roger Schmidt procurou surpreender com a posição do Rafa como ‘falso 9’ e o Aursnes como segundo avançado, mas, muitas vezes, era o Aursnes a referência ofensiva do Benfica porque o Rafa procurava sair do espaço do Pepe e do Marcano e, às vezes, procurar algum arrastamento”. Este jogo, defendeu, “volta a mostrar que Roger Schmidt tem dificuldades em adaptar-se ao jogo de forma estratégica, colocar o lado estratégico junto a um modelo de jogo plenamente edificado”, sublinhando como o Benfica “só se sentiu confortável na segunda parte porque o Rafa passou a ocupar a sua posição natural de 2.º avançado, o Aursnes passou a jogar na posição em que acho que rende mais no Benfica, que é como falso ala a partir da esquerda”.
E porque o Benfica passou a ter uma referência ofensiva.
“E com essa referência o Benfica conseguiu ganhar duelos no meio-campo ofensivo, algo que nunca conseguira na primeira parte. Se juntarmos a isso a agressividade que o Benfica colocou na segunda parte, a melhor definição de zonas de pressão - porque, na primeira, tudo passou por questões individuais e foi a inteligência e sagacidade de João Neves que permitiu suprir deficiências que o coletivo mostrou -, creio que o Benfica acabou por transformar a segunda parte, regressando à sua versão mais normal, num jogo de sentido claramente afirmativo para o Benfica. E o FC Porto, ao contrário do que é habitual com Sérgio Conceição, foi uma equipa que nunca conseguiu reagir à adversidade. Os seus principais protagonistas, como Otávio, mas podia também falar de Taremi, esconderam-se demasiado do jogo, não surgiram no momento da verdade.”
Embrulhado o tema da Supertaça, o ping-pong da conversa tocou nos sinais já mostrados pelo SC Braga, no Sporting que ainda não se viu em jogos a valer, e na Liga Conferência que tem sido matreira com clubes portugueses. Depois, chegámos às distinções que serão habituais neste podcast - do “Totti ou Tote” para os destaques no futebol Portugal ao “Prémio Puskas ou Ali Dia” reservado aos futebóis lá de fora, todas as semanas haverá também realce para louvarmos mostras de arte e fineza técnica no futebol.