FC Porto

FC Porto sorri (mas molha-se) em tempestade de golos

FC Porto garantiu apuramento com uma vitória sofrida
FC Porto garantiu apuramento com uma vitória sofrida
Getty Images

Numa noite de muita chuva no Dragão, o FC Porto garantiu o apuramento e o primeiro lugar no grupo da G da Liga Europa com uma vitória sofrida por 3-2 frente ao Feyenoord

Tiago Oliveira

Jornalista

Quantos golos se conseguem contar em oito minutos? Ao ritmo de um a cada dois, a acreditar na primeira parte louca no Dragão. Porque tão depressa o FC Porto chegou a uma vantagem de dois tentos como tão depressa o Feyenoord a recuperou sem que nenhuma das equipas o fizesse prever. Foi a Twilight Zone de um jogo nem sempre bem jogado, mas que viu os azuis-e-brancos ganharem quando mais era preciso para garantirem a passagem aos 16 avos-de-final da Liga Europa. Um 3-2 que ficou fechado aos 33 minutos.

Era o tudo ou nada para a equipa de casa que após uma fase de grupos com mais baixos do que altos, chegava ao último jogo a precisar apenas de uma vitória para depender de si na luta pelo apuramento. Após a tempestade com consequências ainda por apurar do Jamor, Sérgio Conceição promoveu três alterações na equipa, com as entradas de Luis Díaz, Uribe e Soares, com os regressados (sobretudo os dois primeiros) a estarem entre os mais ativos.

E atividade foi o que mais houve neste jogo. Nem sempre bem executada, é certo, mas que pontuou um ritmo elevado e que nunca permitiu descanso. Apesar de ocupar um modesto sétimo lugar na liga holandesa e já ir no segundo treinador da época, o Feyenoord apresentou-se no relvado molhado do Dragão com vontade de discutir a passagem. E se os guarda-redes trocassem de equipa, até que poderia ter conseguido.

A festa noturna que resultou no castigo público do grupo onde se incluía Marchesín trouxe um guarda-redes mais inseguro mas o guardião argentino hoje voltou às boas exibições e a ser decisivo, com um par de intervenções que impediram a equipa de Roterdão de faturar mais vezes. A começar logo aos dez minutos, com uma estirada de recurso após um livre frontal de Berghuis.

Apesar de um remate perigoso de Luis Díaz logo no inicio da partida, os azuis-e-brancos mostravam algumas dificuldades em furar a defensiva holandesa, com os visitantes a travarem as investidas pouco variadas da equipa da casa, uma imagem de marca dos últimos jogos. Até que a criatividade tomou conta dos elementos mais improváveis e baralhou os defesas para trazer o primeiro golo da noite.

Jogada pela esquerda, com Marega a lançar Alex Telles com um pouco visto e bem executado toque de calcanhar que abriu a faixa ao defesa e o permitu assistir Luis Días, aos 14 minutos, para abrir as comportas com a colaboração do guardião Nick Marsman (que voltaria a estar infeliz)

As correntes não pararam durante uns loucos oito minutos e só foi preciso esperar pela jogada seguinte para o FC Porto ampliar a vantagem. Desta vez foi Tiquinho Soares, de novo pela esquerda, que com um finta tirou um defesa do caminho e colocou a bola na pequena área onde Malacia se antecipou a toda a gente para marcar na baliza errada.

O 2-0 parecia trazer tranquilidade a uma equipa que tem vivido intranquila, só que não foi preciso esperar muito para os defeitos defensivos que tantas vezes têm aparecido esta época colocarem o marcador rapidamente em 2-2. Botteghin aos 19 e Larsson aos 22 minutos mostraram mais uma vez as debelidades dos dragões. Com a diferença que, desta feita, a reação foi rápida.

Poste e Marchesín

Pepe esteve próximo de repor a vantagem logo depois e não fosse uma excelente parada com as mãos do defesa Sinisterra e o FC Porto teria ido de novo para a frente. Com mais dinâmica que o habitual, os dragões pressionaram e acabaram por ser recompensados pouco depois com o 3-2. Resultado de uma boa desmarcação de Marega pela direita, que serviu Otávio para um remate que Marsman voltou a parar mal e que Soares aproveitou em cima da linha de golo para empurrar a bola.

Cinco golos uns atrás dos outros numa montanha-russa sem respirar e que chegou ao seu destino sem mais mudanças até ao final da primeira parte. O ritmo alucinante deste período ficou nos balneários e, se o resultado no outro jogo do grupo ia tranquilizando os dragões, Marchesin impediu mais calafrios para uma equipa que praticamente se limitiu a gerir.

A gestão algo sonolenta mereceu assobios dos adeptos e, tirando um remate de Luis Díaz praticamente no início da segunda parte, poucas vezes o FC Porto voltou a ameaçar os dragões. Período de Pepe entrar em destaque pelos muitos lances que limpou, enquanto Corona pode agradecer à sorte e ao poste por não ter marcado um autogolo num lance caricato.

Seguiu-se uma grande defesa do guarda-redes dos azuis-e-brancos argentino, a tirar o pão da boca a Narsingh aos 73 minutos, e pouco mais, além da chuva copiosa que caiu na cidade Invicta. Com mais ou menor dificuldade, os dragões seguraram a vantagem e garantiram a passagem aos 16 avos-de-final da Liga Europa no primeiro lugar. Se há dois jogos atrás tal feito parecia complicado, os dragões podem agora respirar de alívio mas ofegantes. Cortesia de 19 minutos de parada e resposta.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: i0074@visao.impresa.pt