FCP pede para adiar entrega de €35 milhões a investidores por um ano. Em 2021 já tem outros €35 milhões para devolver
SAD do clube pretende estender por um ano prazo de reembolso de emissão de obrigações.
SAD do clube pretende estender por um ano prazo de reembolso de emissão de obrigações.
Jornalista
Ainda não há pormenores, mas há uma confirmação: o Futebol Clube do Porto não quer pagar já em junho os produtos financeiros que vendeu em 2017, num montante global de 35 milhões de euros. O objetivo é que tenha de devolver o montante apenas no próximo ano. Em 2021, contudo, a SAD do clube tem outro empréstimo, igualmente de 35 milhões de euros, para saldar junto de investidores.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a SAD do FCP indica que a administração “deliberou solicitar a convocação de uma assembleia geral de titulares de obrigações denominadas ‘FC PORTO SAD 2017-2020’”. Foi a confirmação oficial daquilo que tinha sido já veiculado ao longo de domingo.
Estas são obrigações que foram colocadas junto de investidores, incluindo adeptos, em junho de 2017, e que a SAD do FCP deveria devolver já em junho de 2020. Só que esta assembleia convocada pela administração de Pinto da Costa pretende que os obrigacionistas aceitem mudar os seus “termos e condições”, em particular para promover a “alteração da data de maturidade para 9 de junho de 2021”.
Ao jornal "O Jogo", o administrador financeiro da SAD, Fernando Gomes, explicou que o objetivo inicial era fazer uma nova emissão de obrigações para substituir aquela que foi feita em 2017, mas que as condições de mercado, incertas devido à pandemia, não o permitem.
Só que, apesar de a covid-19 ter vindo estragar os planos às empresas portuguesas, incluindo as sociedades anónimas desportivas, o FCP já tinha contas com números complicados. A SAD presidida por Jorge Nuno Pinto da Costa registou prejuízos de 52 milhões de euros no primeiro semestre fiscal (entre julho e dezembro de 2019), devido à quebra de receitas pela não qualificação para a fase de grupos na Liga dos Campeões passada.
Como a Tribuna Expresso tinha referido em março, quando saíram as contas, todo este caminho pela frente, que passa também pela renegociação de dívidas, tinha já um obstáculo por perto: o reembolso desta emissão obrigacionista, cuja devolução fica agora nas mãos dos obrigacionistas – não há ainda data para a reunião que vai tomar esta decisão.
Empurrando para 2021 o reembolso desta emissão de obrigações de 2017, a SAD do FCP vai fazer encontrar - se não houver mais alterações - os prazos de reembolso de duas operações do mesmo género. A emissão de obrigações feita em 2018, com os títulos a valerem 35 milhões de euros, tem prazo de devolução exatamente para junho de 2021.
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