Pinto da Costa apresenta nova academia do FC Porto e nega que obra seja trunfo eleitoral
Pinto da Costa apresentou o projeto da nova academia no dia 27 de março
JOSÉ COELHO
“Esta academia é um sonho de há muitos anos e uma promessa de há quatro. É ridículo quando se diz que isto devia ser adiado e que é um trunfo eleitoral. Não, isto é um trunfo do FC Porto para ser cada vez melhor na promoção e formação de jogadores”, apontou, na apresentação da maqueta da obra, no Estádio do Dragão, a poucas semanas das eleições do clube. Fernando Gomes está de saída do FC Porto
Lusa
A futura academia do FC Porto jamais será trunfo eleitoral da recandidatura de Pinto da Costa à presidência dos vice-campeões nacionais de futebol, reconheceu esta quarta-feira o dirigente, numa sessão de apresentação da maqueta da empreitada.
“Esta academia é um sonho de há muitos anos e uma promessa de há quatro. É ridículo quando se diz que isto devia ser adiado e que é um trunfo eleitoral. Não, isto é um trunfo do FC Porto para ser cada vez melhor na promoção e formação de jogadores”, apontou.
A maqueta da obra foi explanada no Estádio do Dragão, no Porto, dois dias depois de a Assembleia Municipal da Maia ter ratificado a venda pelo valor base de 3,36 milhões de euros (ME) de 18 parcelas englobadas no projeto do Parque Metropolitano da Maia, que têm 140.625 metros quadrados e são desejadas pelo FC Porto para erguer a academia.
“Há anos que o clube procura um projeto em condições para servir as suas ambições na formação. Finalmente, chegámos a essa situação, até porque convergiram muitas boas vontades. A nossa administração contactou há mais de dois anos a Câmara Municipal da Maia, que entendeu a importância económica, de imagem e social de um projeto desta dimensão e que nos acolheu de braços abertos”, explicou o administrador financeiro da SAD, Fernando Gomes, que revelou estar de saída daquele cargo no final do mandato.
Em 18 de março, o executivo daquele município limítrofe do Porto já tinha aprovado por maioria dos terrenos, que estão localizados nas freguesias de Nogueira e Silva Escura e de São Pedro Fins, sendo que a hasta pública foi publicada em Diário da República na terça-feira, ao qual se vai seguir um período de 20 dias para a apresentação de ofertas.
O projeto dispersa-se por quase 23 hectares, dos quais 9,3 pertencem à empresa ABB, junto da qual o FC Porto adjudicou por 6,89 ME um “movimento de terraplanagem”, que está em andamento e vai preparando o terreno para as etapas seguintes da empreitada.
“Muito dificilmente isto será inviabilizado. Há uma hasta pública da Câmara Municipal da Maia para vender 13 hectares para um projeto de uma infraestrutura desportiva. Não me parece que haja alguém que queira licitar um terreno só para prejudicar o FC Porto e o arranque desta operação e para ficar com metade do terreno”, avaliou Fernando Gomes.
A academia está a cargo do arquiteto Manuel Salgado, autor dos projetos do Estádio do Dragão e do Dragão Arena, que participou na sessão com o homólogo Nuno Lourenço e estimou custos totais de 40 ME, montante que o administrador assume estar financiado.
“Conseguiu-se um financiamento, que permitirá pagar mensalmente a tempo e horas os autos de medição. Em seis anos, esse financiamento vai estar pago. Estamos tranquilos nesse sentido”, observou, admitindo que as diligências tiveram “várias vicissitudes”, mas aceleraram desde que Pinto da Costa definiu o lançamento da academia como uma das três condições para se recandidatar à presidência ‘azul e branca’ nas próximas eleições.
Além da Casa do Dragão e de um centro de formação, o projeto engloba um mini-estádio para acolher partidas da II Liga e dos escalões de formação, com cerca de 2.500 lugares cobertos, mais nove campos relvados de dimensões oficiais e um para o futebol de sete.
“Para mim, 2.566 títulos é pouco. Há que ganhar cada vez mais e, para tal, este projeto é fundamental. Estou feliz pelos dirigentes, treinadores e jovens, que nos dão tantos títulos em condições muito precárias. Espero que nasça aqui hoje uma fase em que o FC Porto continue a ser pioneiro na formação de grandes atletas”, apelou o líder máximo do clube.
Detentor de 15 mandatos seguidos e dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, Pinto de Costa concorrerá à presidência do FC Porto com André Villas-Boas, ex-treinador da equipa de futebol, e o empresário Nuno Lobo, candidato derrotado em 2020, nas eleições do clube, que vão decorrer em 27 de abril, no Estádio do Dragão, no Porto.
Fernando Gomes de saída do FC Porto
Na apresentação do projeto ficou a saber-se ainda que Fernando Gomes está de saída do cargo de administrador financeiro da FC Porto SAD, anunciou o próprio, sublinhando que cessará funções no final do mandato, logo após as eleições de 27 de abril.
“Orgulho-me de ter feito parte desta equipa e de ter dado o meu contributo para que as coisas corressem da melhor maneira possível, mas tudo chega ao fim. Para mim, esta academia é o final de uma colaboração diária com a administração do FC Porto”, disse.
JOSÉ COELHO
“Não se podia dizer que havia melhor maneira de fechar um mandato de quatro anos do que com o início formal de uma infraestrutura desejada há muitos anos e absolutamente necessária para que possamos ir mais longe do que fomos até aqui”, avaliou o também vice-presidente ‘azul e branco’ e economista, que ostenta um longo percurso na política.
Ex-ministro Adjunto e ministro da Administração Interna no XIV Governo Constitucional, entre 1999 e 2000, Fernando Gomes passou pela secretaria de Estado da Habitação e Urbanismo no IX Governo, de 1983 a 1985, liderou as autarquias de Vila do Conde e do Porto e figurou como deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
O administrador da FC Porto SAD salientou o impacto do quadriénio 2020-2024 para o estado atual dos ‘dragões’, cruzando “alguns sobressaltos” com “momentos muito bons”.
Além da saída do regime de fair play financeiro da UEFA, enalteceu a assinatura de um acordo de 15 anos com a companhia norte-americana Legends destinado à exploração comercial do Estádio do Dragão, que já permitiu baixar os capitais próprios negativos de 175,980 milhões de euros (ME) para quase 8,5 ME em 31 de dezembro de 2023 e deve possibilitar uma entrada de 60 a 70 ME no ocaso do exercício 2023/24, em 30 de junho.
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, reconheceu estar “eternamente agradecido” a Fernando Gomes, que, antes da sua promoção à administração ‘azul e branca’, já tinha passado pelos órgãos do Conselho Consultivo da SAD e do Conselho Superior do clube.
“Há cerca de um ano, o Fernando Gomes comunicou-me que não podia continuar no FC Porto com as responsabilidades que tinha. Fiquei preocupado, porque tínhamos grandes problemas e este projeto [da academia] em que ele foi decisivo. Prometeu-me que nada sairia cá para fora e que continuaria a ter o mesmo entusiasmo. Foi o dirigente que, após ter decidido que não continuava, mais trabalhou pelo FC Porto nestes meus 42 anos [de presidência]. Vai ficar ligado a nós. Para mim, será sempre uma referência”, descreveu.