A menos de um mês das eleições para a presidência do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa concedeu uma entrevista à SIC em que voltou a visar André Villas-Boas, considerando mesmo que as arbitragens mudaram para os dragões a partir do momento em que o antigo treinador do clube apresentou a sua candidatura.
“Em 2023, o FC Porto não teve razões de queixa, foi indiretamente prejudicado porque o Sporting frente ao Casa Pia e Farense ganhou pelas arbitragens, mas é um fator indireto. Mas há uma coisa curiosa: a partir do momento em que apareceu uma candidatura, coincidências certamente, a do Luís André Villas-Boas, a arbitragem mudou”, sublinhou o líder do FC Porto desde 1982.
A curiosa menção a “Luís André”, para se referir a Villas-Boas, durou toda a entrevista, com Pinto da Costa a acusar a candidatura rival de não ter feito mais nada “senão tentar dividir os sócios, é visível”, criticando o que diz ser a mudança de atitude do adversário.
“Há dois momentos: a candidatura do Luís André e depois a minha candidatura. Até à candidatura do Luís André, o que é que aconteceu? Eu era o presidente dos presidentes, a minha obra era fantástica, eu merecia uma estátua, eu era o herói dele e eu era uma maravilha. Porque pensavam que eu não me ia candidatar. A partir do momento em que apresentei a minha candidatura, está tudo mal, tudo mal, a academia, que é um orgulho para nós, que vai ser a melhor do país, já não vale nada e querem transferi-la lá para um galinheiro no Olival”, frisou, acusando Villas-Boas, que defende a permanência no Olival, de ter comprado um terreno no local “a um amigo”.
Pinto da Costa acredita ainda que Villas-Boas foi “empurrado” para a candidatura à presidência “por quem tem outros interesses”, atirando-se a Joaquim Oliveira, que diz apenas estar de olho nos “interesses televisivos”.
“Ele é sportinguista, tem camarote no Sporting, faz uma guerra tremenda ao FC Porto e de repente aparece interessando na vida do FC Porto?”, lançou ainda.
Sobre os comentários de André Villas-Boas sobre as capacidades do atual presidente, com 86 anos, Pinto da Costa usou da sua habitual ironia, com uma bicada à mistura: “Fisicamente não sei, ele nunca me viu correr. Não o vejo há anos. Mentalmente é natural que esteja um bocadinho tolinho, mas há quem esteja mais. Pior que ser tolinho é ser imbecil”.
Expectativas e confiança em Sérgio Conceição
Sobre o jogo de sábado, que terminou com a 5.ª derrota do FC Porto esta época para o campeonato, Pinto da Costa recordou a arbitragem. “Toda a gente viu a forma como perdemos”, disse, considerando que os jogadores do Estoril “fizeram o que quiseram em campo”. Reconheceu também que o FC Porto “está praticamente fora da corrida” pelo título e mesmo por um lugar de Champions, mas que “há mais coisas para ganhar” e que o clube vai lutar pela Taça de Portugal.
Pinto da Costa frisou ainda que, caso seja eleito, o treinador que quer “é Sérgio Conceição”, recusando-se a dizer que já tem algum acordo com o técnico para a sua continuidade. Mas sublinhando que só tem “plano A” nesta questão. Uma presença numa final europeia, diz, é um objetivo para o próximo mandato, afirmando acreditar que tal já podia ter acontecido este ano: “Se não fossem os penáltis [contra o Arsenal], eu acho que iríamos à final”.
Operação Pretoriano e Madureira
Durante a entrevista à SIC Pinto da Costa defendeu Fernando Madureira, lembrando que “não há imagens que provem” que o líder dos Super Dragões, detido no âmbito da Operação Pretoriano, “tenha agredido seja quem for” durante a assembleia geral de 13 de novembro, marcada por violência entre sócios.
Sobre as acusações do Ministério Público que recaem sobre Madureira, Pinto da Costa diz que “isso é a opinião deles”, escusando-se a mais comentários. Questionado sobre se iria visitar Madureira à prisão, o presidente do FC Porto diz que não o faz porque há visitas limitadas, mas que não teria problema nenhum em fazê-lo: “Mas ele matou alguém? Ele roubou alguém?”. Já sobre Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos e também arguido na Operação Pretoriano, a opinião é diferente e Pinto da Costa assume que o clube está a tentar a sua desvinculação do FC Porto.
Ainda sobre a assembleia geral de 13 de novembro, mais um ataque a André Villas-Boas: “Deem-me uma explicação para pela primeira vez na história de um clube português alguém dizer aos sócios: ‘Vão lá e filmem tudo’. É porque sabem que vai haver algo de anormal a acontecer”.
Pinto da Costa confirmou ainda a saída de Adelino Caldeira e sobre a ligação de João Rafael Koehler, membro da sua lista, ao fundo Quadrantis, denunciada por Villas-Boas, deixou comentários vagos. “O senhor Luís André diz mal do fundo Quadrantis, ele diz mal e tudo”. Pinto da Costa diz que desde que “os bancos portugueses fecharam a torneira” que trabalha com “bancos estrangeiros” que financiam o clube e sobre as taxas de juros cobradas pela Quadrantis sublinha que “com o financiamento que está a ser feito”, o fundo irá cobrar “cerca de metade dos juros” que neste momento o clube paga, escusando-se a adiantar valores e remetendo mais explicações sobre questões financeiras para a apresentação da equipa, que vai acontecer na sexta-feira.