Ao segundo comunicado público da SAD do Futebol Clube do Porto, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) mostrou-se satisfeita com as explicações e pôs fim ao travão que tinha ontem colocado à negociação das ações.
“O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou no dia 03/abr/2024 pelas 09:15 (UTC), nos termos do artigo 214º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213º do Código dos Valores Mobiliários, o levantamento da suspensão da negociação das ações Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, na sequência da divulgação de informação relevante ao mercado”, segundo o comunicado publicado na manhã desta quarta-feira, 3 de abril.
A divulgação de informação relevante referida é o segundo comunicado divulgado pela SAD ao início da noite de terça-feira, “sobre estratégias em curso - informação complementar”, que trouxe mais novidades do que o primeiro comunicado, publicado na manhã de terça-feira, na sequência de pedidos de esclarecimentos da CMVM.
A entrevista e as explicações
Tudo começou com as declarações de Pinto da Costa, presidente da SAD, à SIC Notícias, em que fez revelações que não tinham sido transmitidas ao mercado, e a CMVM tem como missão assegurar que as empresas cotadas transmitem toda a informação, verdadeira e completa, a todos os investidores.
No primeiro comunicado, o FCP mencionava a parceria com uma “reputada empresa internacional” para explorar os direitos comerciais do grupo, o que seria feito por via de uma injeção de 60 a 70 milhões de euros, que iria capitalizar a SAD, repetindo algo que já tinha revelado no relatório e contas semestral. Não foi suficiente e a SAD teve de dar explicações adicionais. “A empresa parceira do FC Porto irá receber uma parte, previsivelmente 30% a título de dividendos, do resultado gerado pelos referidos negócios, com total partilha de risco, dos quais se esperam um significativo crescimento, dada a experiência internacional que o parceiro irá aportar à estrutura comercial do Grupo FC Porto”, indicou ainda.
A CMVM ficou satisfeita, embora a SAD do FCP não tenha mencionado o nome da empresa parceira, ainda que a assinatura do contrato seja previsível para este mês de abril. A imprensa desportiva tem falado na Sixth Street, que tem parceria idêntica com o Real Madrid.
Mas também há outro dado: o financiamento que a SAD está a trabalhar e que Pinto da Costa referiu na entrevista, que acontece em contexto de eleições, em que enfrenta, em primeiro plano, André Villas-Boas.
No primeiro comunicado, a SAD do Porto adiantava estar “a negociar uma reformulação a sua dívida de médio e longo prazo, num montante estimado de 250 milhões de euros, a uma taxa de juro competitiva em termos de mercado”
“A sociedade está ainda em fase de negociação, pelo que não pode concretizar detalhes da operação, como taxas de juro e/ou contrapartidas associadas. Nesta data não está garantido o fecho deste negócio”, segundo disse.
Na entrevista, Pinto da Costa tinha falado sobre o financiamento a obter junto do fundo Quadrantis, dizendo que pagaria um custo inferior a metade do que o que enfrentava até aqui. Não foi referido o custo nos comunicados.
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