O Porto é uma nação e a nação está a votos este sábado: passam poucos minutos das nove, as urnas acabaram de abrir e já centenas de sócios encaram a manhã cinzenta em filas várias, indiferentes à chuva que vai ameaçando o Dragão.
As escadas de acesso ao círculo interior estão carregadas de guarda-chuvas abertos e por abrir: parece dia de jogo, mas falta a excitação antecipada de quem está habituado a vencer em casa: o sono não apaga as caras solenes de quem espera para decidir o futuro do clube, 42 anos após o início da regência de Jorge Nuno Pinto da Costa.
Há momentos tirados a papel químico dos atos eleitorais da política: um filho de meia-idade a levar o pai sorridente – com o olhar de quem vai cumprir um dever – pela mão através dos passeios apertados que dão acesso ao estádio, um velho numa cadeira de rodas empurrada pela neta à procura da sua fila, uma mulher que se aproxima do balcão de informações (Coreto) e não arreda pé enquanto a funcionária não lhe garante que pode acompanhar o sogro para votar no acesso a mobilidade reduzida.