Em certo dia de 2015, André Villas-Boas recebeu uma mensagem de alguém que trabalhava no FC Porto. O texto dizia: “Sei que um dia vais ser presidente do Futebol Clube do Porto.”
Ler aquilo abalou qualquer coisa no interior daquele portuense, despertou uma ideia, acordou um sentimento. “Tocou profundamente no meu sentido de destino”, disse numa palestra que deu, anos depois, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
A conversa de AVB sobre a possibilidade que agora se tornou realidade sempre foi muito ligada ao “destino”, quase no campo da fé, da missão divina, do dever que se tinha de cumprir, do chamamento que se deveria ouvir. “A minha família inglesa está intimamente ligada à fundação do FC Porto, o que vem reforçar essa sensação de destino”, disse, em 2023, na mesma altura em que, à Tribuna Expresso, assegurou que “devia ao FC Porto” este “compromisso” e que era “um caminho que tinha de cumprir”.
A toda a velocidade
Sócio desde que nasceu, Villas-Boas foi treinador-adjunto das camadas jovens do clube aos 21, scout e analista aos 25, treinador principal aos 33. Aos 46, é o primeiro presidente dos dragões que não se chama Jorge Nuno Pinto da Costa desde 1982, colocando fim a uma era que durou 42 anos, uma transição que representa um dos momentos mais marcantes dos últimos anos do desporto nacional.
André sempre gostou da velocidade. Amante dos carros, ainda não tinha carta quando, certo dia, comprou um Fiat 127 numa sucata no Castelo do Queijo. A ideia era, juntamente com um amigo, ir até Guimarães “fazer um bocadinho de rally-cross”, contou noutra entrevista à Tribuna Expresso em 2019.
Só que o veículo foi “espetado contra três ou quatro carros estacionados”. Resultado: um castigo dos pais, que o fizeram, durante as férias da Páscoa, ir trabalhar para a fábrica de construção de peças para automóveis na qual o pai era administrador. “Foi duro”, lembra.
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