Uma das fotos é particularmente sugestiva. Num corredor do complexo de treino do Olival, encostado à parede onde figura um retrato de Fernando Gomes, o ‘Bibota’, o treinador Sérgio Conceição tem as pernas cruzadas em pose de descontração ajudada pelos braços postos atrás das costas. Está sozinho desse lado do corredor. Por diante, os três em linha, estão Andoni Zubizarreta e José Pereira da Costa, diretor-desportivo e o homólogo financeiro da ‘nova gerência’ do FC Porto. No meio deles está André Villas-Boas, recém-eleito e empossado presidente, com as mãos nos bolsos das calças, e nota-se-lhe um sorriso.
Foram as redes sociais dos dragões a darem a boa-nova através de várias imagens. Em outra delas, os semblantes estão mais afáveis e sorridentes, já é Zubizarreta a rir perto de Conceição e, ao fundo, Villas-Boas assiste praticamente com a mesma postura da fotografia anterior. Cá para fora passam os retratos do encontro que o clube pretende para fomentar as interpretações que terá em mente, na comunicação futebolística isso conta. No anunciado primeiro encontro cara-a-cara entre o novo presidente e o técnico que vai na sétima temporada no FC Porto, aguardado sobretudo pela discussão acerca do futuro de Sérgio Conceição, não se falou de nada disso.
Fonte próxima de André Villas-Boas confirmou à Tribuna Expresso que a conversa desta quinta-feira fez-se amigavelmente, serena de parte a parte. Serviu para encorajar e dar força ao treinador e à equipa, alentando-o para os últimos dois jogos do campeonato e a final da Taça de Portugal, agendada para 26 de maio - porque os três dirigentes, e as fotografias provam-no, também estiveram dentro do balneário do Olival a cumprimentarem todos os jogadores. Com Sérgio Conceição, “o encontro foi positivo”, eis o resumo. Conversas sobre a possível continuidade do técnico só para depois do Jamor.
O seu contrato com o FC Porto terminava, até nem há um mês, este verão, mas, a dias das eleições, o incumbente Jorge Nuno Pinto Costa renovou o vínculo com o treinador, em teoria, até 2028. Oficialmente o clube nada confirmou ao anunciar a decisão (a dois dias do sufrágio), embora o derrotado ex-presidente tivesse dito que a sua intenção era prolongar a ligação até 2028. A jogada acabaria por não lhe dar proveitos nas urnas - perdeu com 19,52% dos votos contra os 80,28% de André Villas-Boas -, mas, noticiou-se, incluiu cláusulas no acordo firmado com Conceição que permitiram a revogação do acordo caso Pinto da Costa não fosse reeleito.
Antes de os sócios do FC Porto irem às urnas, o hoje presidente, em resposta a perguntas enviadas aos candidatos, garantiu à Tribuna Expresso: “Espero que em breve possamos ter uma conversa tranquila e construtiva sobre o futuro. É fundamental que exista um alinhamento completo entre as nossas expectativas e o projeto que temos para o futuro do clube. Tenho ideias bastante específicas sobre como deve ser a estrutura da direção desportiva e como isso se integra com a função do treinador. E esta conversa será decisiva para entender também os seus planos, e decidirmos qual será o melhor caminho futuro.”
Venha o que vier da conversa, será a primeira vez que Sérgio Conceição falará, no FC Porto, de uma posição onde discutirá um contexto inédito para o treinador, pois terá um diretor-desportivo a quem responder, além de um presidente até há tão pouco tempo também treinador como ele. E ainda Jorge Costa, o anunciado novo diretor para o futebol, que ainda não pode assumir o cargo por ainda estar a comanda a equipa do AVS, que luta na II Liga pela promoção à principal divisão do futebol português.
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