Mesmo as mais longas ligações podem ter um prazo de validade. A união de Sérgio Conceição e Vítor Bruno, afinal, era perecível e o tom das conversas azedou.
A escolha do treinador para os próximos anos seria sempre um dos temas mais sensíveis para o novo presidente. André Villas-Boas assumiu sempre querer, pelo menos, conversar com Sérgio Conceição, que mostrou abertura para fazer o mesmo. Restam duas opções ao técnico: ficar ou sair.
Apesar de parecer uma pergunta de sim ou não. A negociação terão que ser um pouco mais profundas do que a mera demonstração de vontades de uma das partes, pois Sérgio Conceição tem contrato até 2028. A renovação do vínculo dias antes das eleições foi o sismo que entornou o caldo.
André Villas-Boas pronunciou-se contra decisão estrutural tomada pouco antes de uma possível mudança de direção. Vítor Bruno e restante equipa técnica ficaram de fora dessa renovação. O adjunto, ainda antes de terminar a época, recebeu uma proposta (tem sido apontado à seleção do Catar, embora quaisquer negociações tenham sido desmentidas à Tribuna Expresso) sobre a qual conversou “de forma elevada, calma e civilizada”, tal como descrito em comunicado, com Sérgio Conceição. Porém, as ofertas de emprego que surgiram desde que manifestou a intenção de tentar a sorte como treinador principal não terão ficado por aí.
“Encontro-me a avaliar correntemente as várias possibilidades quanto ao meu futuro profissional – relativamente ao qual reservo a minha liberdade de escolha, cabendo-me a mim em exclusivo a decisão sobre o mesmo”, disse Vítor Bruno que terá sido convidado por André Villas-Boas para ser treinador da equipa principal do FC Porto e que assume não ter ficado “minimamente melindrado” com o facto de ter sido deixado de fora do processo de renovação. A proposta espoletou um sentimento de traição em Sérgio Conceição quando este teve conhecimento da existência da mesma.
Sérgio Conceição ainda não comentou de viva voz o caso, mas elementos ligados à equipa técnica que o acompanhou ao longo dos anos, nomeadamente Diamantino Figueiredo e Siramana Dembelé, foram-se manifestando nos jornais desportivos, colocando-se ao lado do líder e dizendo que também se sentem traídos por Vítor Bruno. O adjunto dissidente refere que se tratam de “terceiros mal-intencionados” a agir de “absoluta má fé” numa “campanha orquestrada” com o propósito de “difamar” e “caluniar” o nome Vítor Bruno.
O FC Porto “tendo tomado conhecimento de entrevistas e declarações prestadas por determinados funcionários do clube” divulgou que “deu já instruções internas para que se iniciem os procedimentos tendentes a avaliar da relevância disciplinar das mesmas”.
Se Sérgio Conceição não se pronunciou, há na sua família quem o tenha feito. Nas redes sociais, Moisés enalteceu os valores de "respeito, fidelidade e lealdade” do pai, enquanto que o irmão Rodrigo manifestou que “às vezes, ajudar as pessoas só serve para revelar a ingratidão delas". “Sempre fiel aos teus princípios, leal, grato e um Homem de respeito para com o próximo”, escreveu, Liliana Conceição, mulher de Sérgio.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: fsmartins@expresso.impresa.pt