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Fraco testamento para tão grande herança (a crítica ao livro “Azul até ao Fim”, de Pinto da Costa)

Fraco testamento para tão grande herança (a crítica ao livro “Azul até ao Fim”, de Pinto da Costa)
Diogo Cardoso

No contexto da derrota nas eleições de 2024, depois de 42 anos à frente dos destinos do FC Porto, o quarto livro de Jorge Nuno Pinto da Costa assume contornos de testamento político. A crítica a “Azul até ao Fim”, diário que começou a escrever depois de receber o diagnóstico de cancro, em setembro de 2021

A morte gera quase sempre unanimidades. Mas até nisso Jorge Nuno Pinto da Costa deverá ser um caso à parte: o homem que foi presidente do FC Porto durante mais de quatro décadas construiu uma figura pública que sempre suscitou paixões radicais. Adorado por muitos, que vêem nele, mais do que o símbolo de um clube, o maior paladino de uma cidade e de uma região que forçou a sua afirmação contra o centralismo umbiguista da capital. Odiado pelos outros, os que associam as suas vitórias a uma era conflituosa e polémica do futebol português. A sua personalidade ambígua – de amante da poesia a interlocutor truculento, da profunda religiosidade à acidentada vida romântica, das fidelidades e afetos aos ódios de estimação – também explica esta bipolarização.

A 8 de setembro de 2021, Pinto da Costa, então com 84 anos, recebeu o diagnóstico que o impeliu a escrever o diário que deu origem ao livro “Azul Até ao Fim”: tinha um tumor maligno. É assim que começa esta espécie de diário, que no contexto da sua derrota nas eleições de 2024 para a presidência do FC Porto, assume contornos de testamento político. Mas, valha a verdade, nas pouco mais de 200 páginas do livro, ficamos sem a noção exata do que pretendia o seu autor, porque as referências pessoais e íntimas têm aqui tanto peso (ou até menos) do que as memórias de dirigente desportivo e os recados enviados a quem o rodeou, ou enfrentou, durante estes anos.

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