“Interessa-nos controlar os jogos a partir da bola. Seremos uma equipa que tentará levar o adversário ao erro, não esperar que ele erre. Para ter a bola, teremos que a procurar e, quando a tivermos, saber o que fazer. Quero uma equipa agressiva que, perante a perda de posse, tenha boa capacidade de recuperação e seja paciente para atacar. Não quero que o adversário nos supere, nos domine. Quero que nós sejamos os protagonistas.”
Este conjunto de frases, dito por Martín Anselmi quando, em 2022, chegou ao Unión La Calera, do Chile, resume o ideário do argentino. Ter muita posse de bola. Pressionar alto. Ter iniciativa, atacar, ser agressivo, dominar.
É este o perfil que André Villas-Boas quer trazer para o FC Porto. A meio da pior série de derrotas dos últimos 60 anos, os dragões pretendem um homem que fala muito nas virtudes do processo — “o trabalho pode ser bom ou mau mais além do resultado” — e que parece a versão 2025 do Jorge Sampaoli de 2015: o obcecado por Marcelo Bielsa que não foi jogador de futebol e que pretende dar o salto para a Europa depois de dar nas vistas com um estilo cheio de energia e ataque em vários países das Américas: Peru, Chile e Equador no caso do atual dono do banco do Rennes; Chile, Equador e México no trajeto de Anselmi.
“É um estratega metódico que trabalha bastante os detalhes. Em linhas gerais, defini-lo-ia como um treinador corajoso, espetacular e inovador”, descreve Pepe del Bosque, comentador na “TNT” do México. Para o analista, Martín não foi campeão no Cruz Azul por “azares da vida”: na época mexicana, dividida em dois campeonatos curtos com sistema de play-off, a equipa do argentino negociado por Villas-Boas perdeu a final do Clausura contra o América e as meias-finais do Apertura frente ao mesmo adversário.
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