O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, abriu a porta a uma Supertaça ibérica de futebol, com aval de outros clubes, e mostrou-se favorável a jogos da I Liga feitos junto de comunidades emigrantes.
“Sou da opinião de que o futebol caminha no sentido de diferentes competições. A Supertaça ibérica foi um desafio que lancei a Pedro Proença, aos outros dois ‘grandes’ e aos principais clubes espanhóis. Agora andamos todos à ‘cabeçada’, mas ficou o ‘bichinho’, que foi bem acolhido por Real Madrid, Atlético de Madrid, FC Barcelona, Benfica, Sporting e Federação Portuguesa de Futebol [FPF]”, disse.
Em painel no Portugal Football Summit, na Cidade do Futebol, em Oeiras, André Villas-Boas revelou essa ideia e apontou à internacionalização do futebol luso, ao replicar outras Ligas e colocar um jogo da I Liga no estrangeiro, junto a emigrantes.
“Vamos ver um AC Milan-Como jogado na Austrália ou um Villarreal-FC Barcelona em Miami. Será que o futebol português não tem aqui uma janela de oportunidade e poder ter um estádio cheio com a comunidade emigrante? O campo está aberto e cabe às federações ter a oportunidade junto dos nossos emigrantes, o que seria fundamental. É preciso ‘partir pedra’ e ter cimeiras de presidentes que realmente sejam ricas em conteúdo e discussão, para se poder tomar decisões”, expressou.
André Villas-Boas abordou ainda o tema da centralização dos direitos audiovisuais e realçou que a demografia portuguesa “não tem paralelo com outros países”, pois os ‘grandes’ dominam grande parte do país, e sugeriu novos quadros competitivos.
“Os jogos entre os ‘grandes’ são os que trazem mais valor à competição. Podemos até aumentar a I Liga até 20 clubes, com um formato a uma volta e, depois, divide-se a classificação entre dois grupos, aumentando o número de jogos ‘grandes’. Os presidentes dos três ‘grandes’ não se podem ver, mas é importante sentarmo-nos, pois temos um caminho obrigatório a percorrer”, afirmou o dirigente dos ‘dragões’.
A tecnologia da videoarbitragem também mereceu reparos de André Villas-Boas, já que “não está 100% operacional” e é “uma das maiores vergonhas” do futebol português atual, pedindo auxílio a FPF e Liga de clubes e apelando à necessidade de “presidentes fortes, com carisma e liderança”, para debater todos estes temas.
“Tenho de defender os interesses do FC Porto, mas, para isso, tenho de defender a marca do futebol português. Há vários clubes a colocar travão nesse crescimento. As apostas desportivas estão centralizadas e não é por apostas, por exemplo, em Casa Pia-Moreirense. É por apostas nos três ‘grandes’. Já ajudamos outros clubes e este ano o pagamento de solidariedade atingiu um valor recorde. Somos o único país da Europa que distribui essa verba também para clubes da II Liga”, recordou.
O Portugal Football Summit, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), teve início na quarta-feira e decorrerá até sábado na Cidade do Futebol, em Oeiras, com o objetivo de discutir o futuro do desporto a nível nacional e mundial.
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