Os líderes do esquema, um dos maiores que existia no futebol, lucravam dezenas de milhares de euros por jogo, vendendo bilhetes a turistas por valores que chegavam aos 800 euros
Jornalista
O Futebol Clube do Porto conseguiu apanhar uma rede de revenda de bilhetes, considerada a maior do mercado do futebol português. O clube adiantou que a investigação continua, informação avançada pelo "The Guardian" e confirmada à Tribuna Expresso por fonte oficial dos dragões.
A rede lucrava através de um mercado paralelo que rendeu dezenas de milhares de euros aos líderes do esquema. A estratégia consistia em convencer várias pessoas a darem os dados pessoais, para mais tarde serem utilizados para criar um perfil de sócio.
Depois dos criados os perfis, o grupo revendia os bilhetes para os jogos a preços bastante superiores aos praticados oficialmente pelo clube. “Estes esquemas atingiram uma escala impressionante, com dezenas de lugares controlados por um único indivíduo”, afirmou o FC Porto em comunicado ao "The Guardian".
O principal alvo deste grupo eram os turistas que procuravam bilhetes para os jogos dos dragões, enquanto passavam um dia no país. Um caso denunciado pelo clube foi no jogo de estreia da temporada dos azuis contra o Vitória de Guimarães - adiado a dia 11 de agosto, depois da morte de Jorge Costa.
Dois dinamarqueses, abordados perto da estação de metro junto ao Estádio do Dragão, revelaram que pagaram 200 euros por bilhete para assistirem à estreia do FC Porto em casa, esta época, no campeonato.
Os bilhetes foram adquiridos numa plataforma online, mas tinham uma particularidade. Um dos bilhetes estava em nome de uma mulher – sócia do clube –, e o outro correspondia a um bilhete de época, válido para todos os jogos em casa. No fim da partida, os turistas receberam uma mensagem para apagarem os dados que tinham recebido.
Contudo, 200 euros não foi o valor máximo encontrado na plataforma: o clube registou em conjunto com as autoridades que existiram bilhetes que foram vendidos a 800 euros e admitem que o número pode aumentar até ao fim da investigação.
A revenda ilegal de bilhetes é um problema antigo no FC Porto. Até André Villas-Boas assumir o cargo de dirigente do clube - no ano passado - era frequente estas transações perto do estádio durante os dias de jogo. Muitas vezes os esquemas envolviam grupos organizados de adeptos. O principal era os Super Dragões, que terá recebido milhares de bilhetes com desconto que depois revendia por preços superiores para obter lucro.
Villas-Boas prometeu, assim que assumiu o cargo, “restaurar a transparência e devolver o poder aos adeptos comuns”. Desde então, os privilégios concedidos aos grupos organizados foram revogados, e o clube implementou um novo sistema de bilhética totalmente digital, concebido para premiar a fidelidade e travar o mercado negro.
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