Foi capitão da África do Sul, ganhou um Mundial e não imagina “passar o dia a trabalhar e treinar à noite” para jogar râguebi em Portugal

Editor
O relvado artificial do Dramático de Cascais é matreiro. O verde engana, cuidado, parece lava ao final da tórrida manhã que dilacera a pele com um sol a ameaçar o veraneio. Nem há 10 minutos, uma vintena de tipos grandes, altos e cheios de antigas batalhas nos músculos já não tão rígidos, recreavam-se no campo para sacudirem o pó à memória dos seus corpos. O calor encurtou a sessão de treino das South Africa Legends e os trintões, quarentões e até cinquentões puderam acorrer à bancada de pedra do pequeno estádio, à procura do abrigo de uma sombra. A pingar suor e caminhando demoradamente, John Smit parecia aliviado.
Integrante do segundo grupo etário, a fartura dos quilos ganhos desde que deixou de jogar râguebi, há 10 anos, pesa-lhe nos movimentos. A inatividade também o explica. A última vez que andou a moer a carapaça com placagens e choques em rucks, garante, foi em 2016, quando a seleção de antigas glórias dos springboks parou em Portugal. “Joguei durante tanto tempo que não tenho saudades, tive uma carreira abençoada e, quando me retirei, nem tinha vontade de jogar mais”, desvenda no prólogo de conversa, com o olhar meio a sondar o campo e meio que perdido para diante.
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