Exclusivo

Râguebi

Joy Neville é a primeira árbitra num Mundial de râguebi masculino. “É muito ponderada”, diz a árbitra portuguesa que por ela já foi apitada

Joy Neville é a primeira árbitra num Mundial de râguebi masculino. “É muito ponderada”, diz a árbitra portuguesa que por ela já foi apitada
Ian MacNicol
A irlandesa, antiga capitã e campeã pelo país, vai transformar-se na primeira árbitra a participar num Campeonato do Mundo de râguebi jogado por homens, que terá lugar em França, a partir de sexta-feira. Em entrevista à Tribuna Expresso, Maria Heitor, antiga campeã nacional e atualmente a romper também ela as barreiras na arbitragem, explica a importância de mais um capítulo histórico de Neville, alguém que até a chegou a arbitrar num Campeonato da Europa de Sevens: “A World Rugby está a abrir muitas portas às mulheres.”

Quando arbitrou a final da Divisão de Honra masculina de râguebi, na época passada, Maria Heitor, a primeira mulher a fazê-lo, ouviu coisas feias da bancada, como o miserável “devias estar na cozinha”, mas sentiu que o respeito por parte dos jogadores era a sério, era diferente. O compromisso desta ex-campeã nacional por Sporting e Benfica com a arbitragem vem de trás. Começou a apitar muito cedo, enquanto ainda jogava, para compreender melhor o jogo e ser melhor jogadora.

O desporto é assim, está carregado de gente investida em fazer algo que nunca foi feito, a chegar aonde outros não chegaram. Este ano Heitor foi também nomeada árbitra assistente para o Seis Nações feminino. Foi, entre homens e mulheres, a primeira a obter tal distinção. “Foi uma experiência incrível. Conseguimos bater o recorde do mundo de assistência num dos jogos que fiz. Tivemos 58 mil pessoas no estádio a ver um jogo feminino, o Inglaterra-França. Não podia ter pedido uma participação melhor”, conta esta inspetora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. “É uma prova de que o desporto feminino está a crescer e a crescer e que há cada vez mais pessoas a gostar de o ver.”

Esta mulher, de 34 anos, está portanto autorizada a falar sobre primeiras vezes, sobre a imparável força da história em movimento. E é isso mesmo que vai acontecer mais uma vez, agora no Campeonato do Mundo de râguebi masculino, em França, uma competição que se vai jogar entre 8 de setembro e 28 de outubro e que será palco da segunda participação mundialista dos lobos, a seleção portuguesa. Joy Neville, uma antiga capitã da seleção irlandesa (por quem jogou entre 2003 e 2013), será a primeira árbitra da história nesta competição.

“Já a conheci, ela já me arbitrou”, conta à Tribuna Expresso. “Foi num Campeonato da Europa de Sevens. Não me lembro contra quem foi, porque fazemos seis jogos num fim de semana, mas lembro-me. Ela é muito calma, ponderada, muito tranquila”, confessa com admiração. “É a prova de que as mulheres estão cada vez mais presentes no mundo do desporto e ela é uma excelente árbitra. Merece, como é óbvio, esta oportunidade. A World Rugby está a abrir muitas portas para as mulheres. Cada vez mais vamos tendo oportunidades. É só uma prova de que as mulheres estão a entrar no famoso mundo dos homens e têm sucesso. Não é em vão que vamos ter a primeira mulher árbitra no Campeonato do Mundo.”

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: htsilva@expresso.impresa.pt