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Râguebi

Estes ‘Lobos’ ganharam a história. E agora querem ganhar um jogo

Estes ‘Lobos’ ganharam a história. E agora querem ganhar um jogo
NUNO BOTELHO

Dezasseis anos depois, Portugal jogará, pela segunda vez e de novo em França, o Mundial de râguebi, ainda com a modalidade em estado amador no país. Em julho, quando ainda faltavam quase dois meses para o torneio, estivemos num treino da seleção nacional

Estão à sombra, sentados num dos velhinhos bancos de suplentes do principal campo de râguebi do Complexo Desportivo do Jamor, sorridentes e com reservas de energia para a galhofa. É louvável. As cerca de três horas anteriores parece que passaram como um suspiro por Rodrigo Marta e Manuel Cardoso Pinto, que tiveram os músculos e o fôlego triturados à torreira do sol matinal, mas brincam, riem, um dá uma palmada na coxa do outro e diz: “Vou tentar tirá-lo aqui do lugar, que jogamos na mesma posição.” É o troco recebido quando, findo o treino, massacrados os corpos, os auscultamos quanto aos objetivos para o Mundial. E a boa disposição, de repente, soluça, trava ao de leve quando o hino nacional entra no baile da conversa.

Dirigir-lhes uma das imagens, quase rótulo, que restou da estreia de Portugal no pináculo do râguebi, há 16 anos, é um fácil protótipo de pergunta: homens grandes, corpulentos, graúdos e feitos a escorrerem lágrimas enquanto entoavam “A Portuguesa” na estreia em Campeonatos do Mundo; homens feitos, como os que os clichés dizem que não choram, a chorarem desalmadamente na estreia do país em Mundiais. Rodrigo tinha oito anos, Manuel vivia há nove, em 2007 eram crianças e o tempo que os tirou da infância não fez crescer a modalidade, ainda amadora no país. Nota-se o esforço em trocarem os pés aos sentimentos. Já são cautelosos na fala, embora de pouca dura. O mais velho diz que não podem “deixar-se levar completamente pelas emoções”, quer luzir contenção, mas quem tem menos idade baixa a guarda.

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