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Râguebi

Portugal foi ao Mundial com um pontapé no último segundo. E a um pontapé no último suspiro ficou de uma primeira vitória histórica

Portugal foi ao Mundial com um pontapé no último segundo. E a um pontapé no último suspiro ficou de uma primeira vitória histórica
STEPHANE MAHE
Há 18 anos que Portugal não vencia a Geórgia e nunca ganhara um jogo no Campeonato do Mundo, mas, ao 26.º encontro frente ao adversário que melhor conhece, a seleção nacional agigantou-se numa segunda parte onde mostrou o melhor que o râguebi português tem. Tal como no play-off que deu o Mundial à seleção, a decisão de tudo ficou para um pontapé aos postes no último segundo do jogo. Nuno Sousa Guedes falhou e os ‘Lobos’ empataram (18-18). Não foi uma vitória, foi na mesma um marco histórico no desporto nacional
Portugal foi ao Mundial com um pontapé no último segundo. E a um pontapé no último suspiro ficou de uma primeira vitória histórica

Diogo Pombo

Editor

O suspiro de Tomás Appleton vem das suas profundezas, bem lá fundo. Avista algo ao longe, mira a bancada, acabou de entoar o hino nacional e enche os pulmões para expirar a emoção. O seu peito infla, ele desincha com ele. O jogo arcava com o maior peso das expectativas no Mundial para a seleção nacional, no fôlego expelido viria essa perceção, a de os georgianos serem os velhos mais conhecidos de entre todos os adversários de Portugal e a esperança de que a primeira vitória na história do torneio teria as possibilidades mais amigas contra eles. O capitão português tinha essa consciência no seu longo suspiro.

Ainda os seus pulmões se recompunham da metamorfose quando a Geórgia entrou no jogo com tudo e um tudo inesperado, as expectativas também servem para que depois se deturpem perceções e nem minuto e meio de jogo havia quando uma insistência com sete fases de ataques de frenético jogo à mão, rápida limpeza de rucks e uma falta portuguesa (toque para a frente) deram um ensaio convertido aos georgianos. Durante muito tempo, Appleton e os portugueses pouco puderam dar-se ao luxo de respirarem perante o râguebi algo inesperado com que os ‘Lelos’ os invadiram.

Tidos como matulões e corpanzudos, o berbicacho de defrontar os georgianos há muito que significa para Portugal ter de lidar com uma seleção apostada em depositar o poderio físico dos seus avançados nos momentos mais estáticos do jogo - as formações ordenadas, os alinhamentos e a disputa de rucks. Durante a meia hora inicial, a Geórgia depositou o seu poderio nessas situações, forçando erros atrás de erros dos portugueses que colapsavam nas mêlées, perdiam alinhamentos ou para lá lançavam bolas tortas e tinham os seus avançados sem fôlego ou energia para serem lestos a erguerem-se do chão. Também era nesta carência que os ‘Lobos’ perdiam o fôlego.

Porque além das portentosas investidas dos avançados, os georgianos vestiram a capa de feiticeiros que em vez de uma varinha mágica tinham um bomerangue na mão, atirando contra Portugal o estilo de râguebi com que a seleção há muito ataca este adversário. Viu-se o proverbial “cá se fazem, cá se pagam” em forma oval, com a Geórgia a apostar em muitas fases de ataque com jogo à mão, passes rápidos, muita gente da sua linha de três quartos a embalar contra os espaços entre corpos portugueses que sofriam para conter as investidas. E com faltas atrás de faltas, os ‘Lobos’ passaram 30 minutos a viver dentro da sua área de 22 metros e nem ao pontapé conseguiam empurrar os georgianos para trás.

Samuel Marques não tinha avançados para o proteger nos rucks e lhe darem tempo para agir, os chutos de Jerónimo Portela não punham bolas fora de campo, os pilares portugueses demoravam a rebolar para fora das molhadas e os três da vida airada de correr bom a bola na mão limitavam-se a defender. Mas, valentes e persistentes, também cientes de que havia que sofrer para tentar persistir, os portugueses foram placando e placando durante essa meia hora terrível em que o maior, e talvez único elogio, foi louvar-lhes a resistência. A prova disso foi a decisão georgiana, aos 32’, de chutar uma penalidade - com tanta bola (rondavam os 70% de posse) e vendo a linha de ensaio tão perto, sem proveitos, resignavam-se a aproveitar as faltas portugueses tentando ir buscar pontos aos postes. Esse pareceu ter sido um toque de despertador.

Pouco depois, surgiu o suspiro reconhecível dos ‘Lobos’, que começaram a acionar as aptidões técnicas e atléticas de Rodrigo Marta, Nuno Sousa Guedes e Rafaelle Storti, os seus papa-léguas da velocidade. Aos 34’, aproveitando um ruck do qual jogavam a vantagem por um adversário tapar a saída da bola, levaram a bola de um lado ao outro com curtos passes de mão em mão, avançados a intrometerem-se na linha até lançarem Storti à ponta e ele arrancar rumo ao ensaio.

À primeira vez que Portugal pisava a área de 22 metros georgianos, mostrava-lhes que a imitação raramente alcança a inspiração original. Faltou Samuel Marques cortar a sua relação com os ferros, ao acertar um pontapé nos postes pela segunda vez no Mundial.

Portugal foi ao Mundial com um pontapé no último segundo. E a um pontapé no último suspiro ficou de uma primeira vitória histórica
STEPHANE MAHE
Portugal foi ao Mundial com um pontapé no último segundo. E a um pontapé no último suspiro ficou de uma primeira vitória histórica
STEPHANE MAHE
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Ao primeiro espernear do râguebi português sucedeu uma arrelia, o sol que nasce sempre se tem de por e quando o talonador Francisco Fernandes foi de ombro à frente, sem braços, para derrubar um adversário, arriscou-se que o cartão amarelo virasse vermelho. Portugal foi para o intervalo a perder 13-5 e ainda entrou na segunda parte com um jogador a menos, mas, já mais leve e solta, com ar devolvido aos pulmões, a seleção regressou ao râguebi mostrado oito dias antes, contra Gales, e em muitas partidas feitas nos últimos quatro anos.

E lá foram os ‘Lobos’ com toda a sua pele, a regozijarem por finalmente lograrem jogar como gostam, sabem e podem, já cheios do tino que afasta equipas de cometerem faltas no chão e do ritmo para reciclarem rapidamente a bola em rucks para a colocarem nas mãos de quem corre, finta, troca os pés na relva, corre mais um pouco e engana adversários no jeito tão português de jogar râguebi.

Feitas duas aproximações à área de ensaio com o imprevisível Nuno Sousa Guedes a ser o farol das jogadas que ficaram a poucos metros da alegria, Samuel Marques converteu uma penalidade para os portugueses verem mais de perto a cenoura diante dos olhos. Seria partindo mais de longe, perto da linha do meio-campo, que Jerónimo Portela parou diante de um georgiano, fingiu passar a um lado e entortou-se para abrir a bola rumo ao outro, onde Rafaelle Storti surgiu embalado para sprintar em direção à terra prometida. Em julho, quando a Tribuna Expresso visitou um treino da seleção, ouvia-se como o ponta “estava soltinho”. Ali em Toulose, jogava soltíssimo.

O segundo ensaio deixava Portugal a vencer por 13-18 aos 57’, antevendo-se então um retorno dos georgianos às suas valências conhecidas e previstas precipitadamente antes do jogo. Poucos minutos depois, os ‘Lelos’ aglomeraram-se em torno dos seus avançados e chegaram à área de ensaio, pareceu que iam marcar um tão pouco tempo volvido à seleção nacional celebrar o seu, mas isso serviu para mais um sinal aparecer - a meias com Tomás Appleton, o centro Pedro Bettencourt agarrou no jogador georgiano, virou-o do avesso e agarrou na bola que não permitiram que ele tocasse na relva. Salvo este socorro, os portugueses pareceram inchar como nunca os seus pulmões.

STEPHANE MAHE

Os ‘Lobos’ já eram matreiros a roubar a bola nos rucks que limpavam rapidamente, adivinhavam as intenções dos georgianos nos alinhamentos para também lá serem ladrões e aproveitavam o oxigénio da confiança para atacarem o adversário com jogo à mão a partir do seu próprio meio-campo. Rodrigo Marta furou a linha um par de vezes, Storti teria outro sprint perigoso perto da linha lateral, os matulões Nicolas Martins e Rafael Simões eram monstros a aguentar as investidas dos poderosos avançados da Geórgia nas disputas no chão.

Aguentando-se a vantagem portuguesa e sendo a seleção nacional a mais cortejadora de ensaios, os jogadores saberiam que os derradeiros minutos seriam para sofrer, para testarem o seu nervo, aí se veria a fibra dos ‘Lobos’ porque os ‘Lelos’ iriam estrebuchar com tudo em buscar da salvação. Os derradeiros cinco minutos foram assim, a Geórgia fixou-se nos 22 metros de Portugal onde a valia da placagem baixa, às pernas, os manteve à margem até Pedro Lucas ser lento a afastar-se de um ruck e fazer falta. Aí sim, aconteceu o expectável: os georgianos chutaram para fora, quiseram um alinhamento e dele formaram um maul dinâmico para se empurrarem com a sua força para a área de ensaio.

A catrefada de corpos dos grandes e barbudos foi uma investida final da Geórgia contra a história alheia, eles recorreram ao que os recheia verdadeiramente - o peso dos seus grandalhões, a força bruta, a potência do físico de quem é maior - para alcançarem a área de ensaio e lá caírem com a bola. Uns georgianos levantaram os braços, outros olharam em desespero para o árbitro. As certezas paravam em ninguém. O responsável pelo apito disse a todos que precisava da ajuda do VAR, que confirmou o toque de meta bem-feito por Tengizi Zamtaradze para empatar o jogo (18-18) a dois minutos de tudo acabar.

Quando vividas ao extremo, as emoções submetem-se a este perigo de ficarem a jeito da irem à sua cave e ao terraço em tão pouco tempo. Avistando de perto a primeira vitória no Mundial com uns 40 minutos incríveis, os portugueses ficavam presos ao pé direito de Luka Matkava: convertendo o ensaio, o que sobrava num magro relógio dificultava a tarefa de correr outra vez em busca de uma recuperação. Mas, nos nervos que tocam a todos e num pontapé difícil, o georgiano falhou. O estádio de Toulouse repleto de gargantas portugueses rugia de esperança.

A sucessão dos acontecimentos seguintes pareceu demorar ainda menos tempo do que havia disponível para jogar. A seleção chutou o drop para reatar a partida, caçou a bola, caiu com tudo em cima da Geórgia e a migalhas dos 80’, com o empate histórico que a proximidade à vitória enganava a julgar que não constituía história, houve uma falta. O estádio pareceu berrar em uníssono quando Tomás Appleton, sem ar possível para suspirar, se acercou do árbitro e lhe disse que pretendia um chuto aos postes.

Seria o último ato, o jogo acabaria assim que a bola aterrasse da sua viagem.

STEPHANE MAHE

Encostado à linha lateral direita, a uns 30 metros dos postes, a intangível responsabilidade coube a Nuno Sousa Guedes. Ele sentiria o peso da história a empoleirar-se na sua mente como Samuel Marques a susteve em março, no play-off onde Portugal empatou com os EUA com um pontapé seu no derradeiro segundo. Quando o 15 português, no sepulcro da arena, nem um pio a escutar-se, olhou para a bola e depois para os postes, fitando a oval de novo antes de partir para ela, a história moveu-se com o seu corpo e o seu pé direito. E a bola descolou e voou malandra, a pender sem piedade para lá do poste esquerdo enquanto o característico longo último apito se ouvia.

Nuno Sousa Guedes mirou o vazio, o seu corpo imóvel, ele estupefacto.

É do mais ardiloso julgar um pico na história do desporto de um país quando o cume estaria ali mesmo ao lado. É injusto, também, centrar num homem o desfecho de uma proeza. Objetivando o jogo contra a Geórgia, a seleção nacional pode ter ficado a dois minutos da inédita vitória no Mundial de râguebi, ou não a teve no último segundo devido a um pontapé falhado no derradeiro gesto da partida. Seja qual for, será injusto fixar um resultado histórico no que poderia ter sido, na ingratidão de um ‘e se’.

À segunda participação em Campeonatos do Mundo e ao sexto jogo feito entre 2007 e este 2023, a seleção do país onde o râguebi é jogado por amadores registou os primeiros pontos. Os ‘Lobos’ já eram históricos, agora têm a história de um resultado com eles. Por um pontapé foram a este Mundial, com um pontapé ficaram sem saberem o que é ganhar e no pé de um jogador que chuta a bola também se mostram as ínfimas margens nas quais o desporto, por vezes, teima em distinguir quem fica com o sucesso.

Agora deita-se o ar fora no suspiro de quem ficou tão, mas tão perto.

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