Os capitães dos ‘Lobos’ após a histórica vitória no Mundial: “Fizemos uma coisa brutal. Agora, que venha aí 2027”
Julian Finney - World Rugby
Tomás Appleton, o capitão da seleção que foi suplente utilizado contra as Fiji, e o seu ‘vice’ que o substituiu no campo, José Lima, congratularam os ‘Lobos’ pelo feito alcançado neste Campeonato do Mundo, realçando que existe “uma base muito sólida para se construir o futuro” do râguebi português. E uma prova está dada: “Portugal mostrou ao mundo que pode jogar a este nível”
O banco foi o lugar inicial de Tomás Appleton, líder da seleção onde não há braçadeiras que não foi titular pela primeira vez no torneio, precisamente numa noite de primeiras vezes que acabou com ele em campo e reentrado na partida. A confusão explica-se: antes de constar na substituição que o deixaria, em definitivo, no campo, Appleton entrara temporariamente por Pedro Bettencourt quando o centro português sofreu uma pancada na cabeça e teve de ser examinado fora do relvado, como manda o protocolo.
Só tardiamente e na segunda parte o capitão seria lançado formalmente. Ele estava em campo quando Rodrigo Marta marcou o derradeiro ensaio a menos de um par de minutos do final e Samuel Marques converteu a devida penalidade. “Estamos todos muito orgulhosos, hoje fizemos uma coisa brutal, a seleção portuguesa ganhar um primeiro jogo num Mundial é absolutamente inacreditável depois do trabalho todo que tivemos ao longo dos últimos quatro anos acho que isto é a melhor maneira de acabar. Na verdade, é o fechar de um livro, o fim de um ciclo, mas é uma base muito sólida para o que aí vem”, congratulou Tomás Appleton, perdido de sorrisos no final.
Ele falou candidamente à flash interview da “Sport TV”, enaltecendo a forma como Portugal alcançou a histórica vitória: “Ganhar por um ponto contra as Fiji, que também estavam completamente sedentes por passaram da fase de grupos, que vieram com tudo e vieram com a força toda, ganharmos a uma equipa destas e praticamente no último minuto, com um ponto a mais, é inacreditável.” Antes, simbolica e apropriadamente, já falara quem o substituíra nas funções de capitão e quem ele viria a substituir no campo.
Ao ser titular, José Lima foi o líder designado dos ‘Lobos’ contra as Fiji e ainda tinha a pegadas das lágrimas nas bochechas quando, em inglês, lhe tocou falar acerca do inédito feito da seleção nacional.
STEPHANIE LECOCQ
Era notória que pensava a mil à hora, cheio de coisas a querer dizer. “Podes ver os nossos adeptos e a nossa equipa, merecem muito isto”, disse ao jornalista que o inquiriu. “No último jogo falhámos por detalhes, mas mostrámos ao mundo que podemos competir a este nível e ganhar jogos, também”, acrescentou, cheio de certezas apesar do cansaço também visível na sua postura. E para a forma como Portugal subsistiu no final da partida também houve palavras: “Vem tudo do coração, quando estás mais cansado tens de pensar em todas as coisas que fizeste antes, reunir com os teus companheiros e dizer ‘bora, vamos a isto’. Foi o que fizemos ao intervalo, acho que merecemos muito isto hoje.”
Antes de lhe tirarem o microfone, José Lima ainda quis dar falar para os quatro entre os 33 convocados para o Mundial que “não tiveram a chance” de minutos em campo - “estiveram sempre connosco, mas uma palavra para eles porque fazem parte da nossa família. São grandes jogadores, têm muita experiência, temos de lhes agradecer porque ajudaram-nos muito”. O feito alcançado perante as Fiji é de todos.
E porque a bola é para a frente e esta que será chutado é a mais apoteótica da história da oval nacional, Tomás Appleton, após salientar o fecho necessário de ciclo - à despedida do treinador Patrice Lagisquet poderá somar-se o adeus de jogadores como Francisco Fernandes (38 anos), Mike Tadjer (34) ou Samuel Marques (34) à seleção -, lembrou que os ‘Lobos’ têm “uma base muito sólida para construir o que aí vem”. O vindouro só poderá ser tentar, de novo com tudo e com mais ainda, a qualificação para o próximo Mundial, com a Austrália a ser anfitriã.
O capitão reforçou que a vontade de todos é “levar o râguebi português aos grandes palcos” e ele acha que estão “bem encaminhados”. E agora? “O futuro o dirá”, e ele acrescentou: “Que venha aí 2027.”