Portugal queria organizar um Mundial de râguebi, propôs a ideia à vizinha, que achou piada, mas, de repente, a Espanha vai avançar sozinha

Editor
A engenhosa ideia não era, de todo, inocente. As sinergias já existiam, pessoas de Portugal e Espanha trocavam faladura há anos e as palavras passaram ao papel e aos atos para, em 2030, haver um Mundial de futebol organizado pelos vizinhos ibéricos. Devido a essa parceria, mas não só, Carlos Amado da Silva diz ter sido o primeiro a pôr o isco no anzol e a lançá-lo. O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi desafiou o seu homólogo espanhol a uma candidatura ibérica ao próximo Campeonato do Mundo a realizar na Europa, em 2035, portanto.
Juan Carlos Martín responderia com interesse. Deu conta de que a sua federação já falava com o governo respetivo, admitia as dificuldades no seu burgo para arregimentar toda a gente e puxava uma cadeira atrás, dizendo que haveria um momento para ambos falarem da eventual organização bicéfala do torneio de 2035 e de outras oportunidades. Inclusive, o presidente da federação espanhol desejou que o vindouro Mundial corresse bem aos ‘Lobos’.
A remessa por escrito data de julho de 2023, portanto, ainda antes de o último Mundial oval onde a seleção nacional deixou um empate (contra a Geórgia) e uma histórica primeira vitória (frente às Ilhas Fiji), encantando quem a viu com o seu râguebi atacante, assente no jogo à mão e em dar corda aos seus três quartos para correrem. Portugal esteve no torneio, em parte, porque não pôde lá estar a Espanha, que se qualificara diretamente, mas fora desqualificada pela World Rugby por utilizada indevida de um jogador. Era Gavin van den Berg, sul-africano naturalizado espanhol cujo passaporte foi falsificado por responsáveis do clube que então representava. Penalizados os espanhóis com perda de pontos, a seleção portuguesa seguiu para o play-off final de apuramento onde lograria a qualificação.
Viria então o Mundial, nos seus arrabaldes Carlos Amado da Silva escancarou, publicamente e em entrevista ao “O Jogo”, que tinha desafiado o dirigente espanhol com a ideia, “apenas a ideia” de uma “hipotética candidatura”, os meses passariam, dobrou-se a esquina de 2023 e nesta quarta-feira veraneante de 2024 surgiram as palavras de Juan Carlos Martín que surpreenderam quem manda no râguebi português. “Queremos ir sozinhos porque é bastante difícil colocarmo-nos só nós de acordo. E a Espanha tem capacidade de sobra para fazer isto. Isto seria um projeto de Estado”, disse o presidente da federação espanhola, ao diário “As”, sem mencionar sequer Portugal.
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