Erros, imprecisões e indisciplina ditam derrota de Portugal contra Espanha e afastamento da final do Rugby Europe Championship
JOSE SENA GOULAO
No Jamor, os lobos perderam (42-31) diante do adversário ibérico, caindo nas meias-finais da competição que venceram em 2004. Uma má entrada em jogo e três cartões amarelos contribuíram decisivamente para a derrota nacional
É notável que, depois de 80 minutos de tensão e esforço, de uma hora e vinte de desgaste e combate, na sequência de uma derrota dolorosa, haja o discernimento de analisar o que sucedeu com lucidez. Mas foi isso que José Lima fez após o fim do Portugal-Espanha, das meias-finais do Rugby Europe Championship 2025, que concluiu com vitória dos leones por 42-31.
"Entrámos a dormir", disse o jogador português, que admitiu que a equipa falhou "ao nível da disciplina". "Levámos três cartões amarelos. A este nível, é difícil ganhar um jogo assim".
Com poucas mas certeiras palavras, ditas à "Sport TV" imediatamente depois do desafio, estava feita a radiografia dos pecados de Portugal. Há nove anos que os espanhóis não venciam em solo nacional, mas no Jamor foram uma máquina a explorar os defeitos alheios.
Motivado pelos recentes resultados,particularmente a vitória na Roménia, Portugal apresentava legítimas esperanças de chegar à final, tentando repetir o triunfo de 2004 numa competição que tem sido dominada pela Geórgia (16 vitórias). No entanto, são os leones quem discutirá o troféu.
JOSE SENA GOULAO
Um dos aspetos que mais doerá aos pupilos de Simon Mannix será o facto de Portugal até ter conseguido mais ensaios do que o adversário. Quatro para os locais, três para os visitantes. A diferença esteve no aproveitamento que Espanha fez da indisciplina portuguesa, com Gonzalo López implacável a cobrar penalidades.
Nem 10 minutos se haviam disputado e já Espanha vencia por 10-0. Primeiro marcou num ensaio por Rafa Nieto, depois López começou a mostrar o acerto nas execuções aos postes do Jamor.
Com uma boa moldura humana nas bancadas, mostrando a confiança numa equipa que carimbou o acesso ao segundo Mundial seguido, Portugal reagiu. Diogo Rodrigues, em estreia a titular, fez o primeiro dos seus dois ensaios na tarde, mostrando-se ágil e rápido. No pontapé seguinte, Manuel Vareiro reduziu para 10-7.
Não obstante, a cada tentativa de resposta dos lobos, os leones voltavam a distanciar-se. O râguebi espanhol tem sido um caos, com ausências dos dois últimos Mundiais por questões administrativas. No derradeiro, a utilização indevida de Gavin van den Berg, jogador nascido na África do Sul,abriu a porta para a entrada de Portugal na repescagem. Mas os espanhóis parecem apostados em subir o nível, também já tendo assegurado a qualificação para a Austrália 2027, na primeira presença na maior competição desde 1999.
JOSE SENA GOULAO
Uma das maiores virtudes de Espanha foi a velocidade de jogo, sobretudo pela direita. Minguillon marcou novo ensaio, antes de Gonzalo López voltar a brilhar nos pontapés para fazer o 20-7, reduzindo Vareiro, também com os pés, para 20-10.
Raffaele Storti só entrou na zona Raffaele Storti perto do intervalo. Aos 34', lançado em velocidade, fez uma das suas especialidades, uma penetração em que foi o sprinter bailarino, correndo ao mesmo tempo que bailava entre placagens. Portugal chegou aos 20-17, mas em cima do descanso os tais pecados dos lobos voltaram a ser visíveis.
Storti viu um amarelo, foi excluído 10 minutos e os espanhóis, na penalidade, fizeram o 23-17. No recomeço, Minguillon fez novo ensaio e o infalível Gonzalo López colocou o marcador em 30-17. José Rebelo viu outro amarelo para Portugal e chegar à final tornou-se uma miragem.
Diogo Rogrigues ainda fez mais um ensaio, mostrando que há presente e futuro nesta equipa, mas os espanhóis foram a melhor equipa no Jamor. "Foi uma aprendizagem, levámos aqui uma lição da Espanha", concluiu, na lúcida análise, José Lima. Há tempo para melhorar até ao grande objetivo australiano, em 2027.