Se o desafio de todo colecionador é completar a caderneta, na Argentina, nesta reta final para o Mundial do Catar, surgiu uma nova missão: conseguir cromos perante a profunda escassez, chegando ao ponto de o Governo tratar o problema como uma questão de Estado.
“Com as figurinhas, acontece o mesmo que com o álcool gel no começo da pandemia, quando todos saíam para comprar álcool como uma questão de vida ou morte. Havia aquela sensação de que, sem álcool gel, talvez você morresse”, compara, à Tribuna Expresso, Ernesto Acuña, líder do protesto dos vendedores contra a empresa Panini, responsável pela comercialização dos cromos.
A alusão ao efeito contágio também ilustra a compulsão: todos os dias, milhares começam a coleção.
“Todos os dias vendo álbuns. Isto recomeça a cada dia. Acredito que estejamos com os cromos durante todo dezembro e até janeiro. As crianças vão pedir ao Pai Natal os que lhes faltam. Se a Argentina for campeã, a febre vai aumentar”, aposta Ernesto.
A escassez, motorizada pela incomum demanda, produz distorções, gerando um mercado paralelo de figurinhas em coincidente sintonia com o mercado informal do dólar e levando os argentinos a convalidarem os preços mais elevados da América Latina, apesar de terem, neste momento, um dos salários de menor poder de compra da região, quando medidos em moeda estrangeira.
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