Foi com um bem sonoro “boa tarde”, capaz de levantar vários rabos do chão, que Fernando Pimenta entrou no ginásio da Marina da Aguieira, Mortágua, onde 19 jovens vindos de vários pontos do país já se encontravam a receber as primeiras instruções de segurança, sentados de costas para a porta. A excitação de ver, em carne e osso, o atleta português mais medalhado de sempre foi tal que nem o melhor ou o mais sisudo professor de uma escola conseguiria obter o silêncio e a atenção que se instalou logo a seguir.
Com o à-vontade e a frontalidade que o caracterizam, Pimenta começa por perguntar quem já experimentou canoagem e levantou-se uma dezena de mãos. Apresenta-se como um atleta que tem “cento e muitas medalhas”, garante que mais tarde vão poder “tocar em algumas delas e sentir o peso” delas e, assume, sem pudor, ser mais de desportos individuais. “Toda a exigência vai ser acarretada a mim”, atira.
Atento à plateia mista e plural que tem pela frente, o canoísta usa uma analogia com a escola para chegar a todos e falar do que é preciso fazer para alcançar o sucesso na sua modalidade, como, aliás, em todas as outras.
“Há um ciclo e uma forma de treinar que temos de respeitar, é preciso consistência de trabalho e rigor, se o fizermos quando chegamos à altura da competição só temos de desfrutar. É como na escola, se andamos o ano todo na balda e só estudamos na véspera, no dia do exame vamos estar mais nervosos e o que fizemos não chega para ter boa nota”, ilustra, para concluir: “Temos de apelar à disciplina, ao espírito de sacrifício e à resiliência. A disciplina é o que nos mantém nas boas notas, porque se só estudamos no 1.º período e no 2.º estudarmos menos, as notas vão ser outras, vão cair”.
Pouco mais de 15 dias após ter sido condecorado pela terceira vez por Marcelo Rebelo de Sousa, que desta vez concedeu-lhe o grau de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública, Fernando Pimenta vai ser professor durante umas horas, na iniciativa MoveNow Camp, promovida pela Allianz, de que é embaixador.
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