Não fosse o enorme letreiro logo à direita da entrada e que identifica o lugar e era como se tivéssemos ingressado num qualquer hostel de uma qualquer capital europeia, onde se juntam viajantes de mochila às costas preparados para as vantagens e desvantagens da vida em comunidade. A ampla sala que se nos passa pelos olhos recebe uma cozinha de tamanho XL, frigoríficos, outros eletrodomésticos necessários para a invenção de uma pequena refeição. Há mesas espalhadas para sentar pratos e talheres ou apenas para estar e trocar dois dedos de conversa. Sofás com televisões, um alvo para quem se quiser aventurar nos dardos e, no meio, uma enorme mesa de bilhar de pano violeta, com as regras da casa escarrapachadas num pilar, bem ali à vista de todos os potenciais imitadores de Ronnie O’Sullivan.
Podia parecer, mas não, não estamos a falar de uma hospedaria para jovens, mas sim de um ambiente de trabalho altamente profissionalizado, com tudo o que as especificidades da área exigem. É aqui, em Stockley Park, a oeste do centro de Londres, que, a cada jornada da Premier League, os árbitros ingleses entram no imersivo mundo da vídeo-arbitragem. As novíssimas instalações, colocadas ao serviço da liga inglesa no início desta temporada, não estão pensadas apenas para os 90 minutos em que cada equipa de VAR coloca os headphones na cabeça e se entrega ao trabalho: há um antes e um depois do exigente processo de deliberar, através de um ecrã, se decisão x ou y em determinado jogo da Premier League foi certa ou necessita de correção. Os árbitros têm de comer, descansar, exercitar-se como num dia a dia normal e Stockley Park tem tudo isso.
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