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A “Extrema Dura” juntou 600 portugueses na “ausência de lógica”: a viagem do “Falsos Lentos” que encheu um jogo da 5.ª divisão espanhola

A “Extrema Dura” juntou 600 portugueses na “ausência de lógica”: a viagem do “Falsos Lentos” que encheu um jogo da 5.ª divisão espanhola
Matilde Fieschi

De início, foi só uma brincadeira: um elemento do podcast “Falsos Lentos” faltou à gravação de um episódio para estar com familiares que residem em Espanha. A terra era Jerez de los Caballeros, a uma hora de Elvas. Os humoristas acharam tanta graça ao nome que levaram a brincadeira à “ausência de lógica”: convenceram 600 portugueses - mais do que o número de sócios do clube - a irem torcer pela equipa local, da qual provavelmente nunca tinham ouvido falar. Esta é a reportagem nos bastidores da viagem

Carlos Coutinho Vilhena, Diogo Batáguas e Manuel Cardoso têm um podcast chamado “Falsos Lentos”, no qual por vezes se enganam e acabam mesmo a falar sobre futebol. Na disputa de rivais habitual, entre FC Porto, Benfica e Sporting, há um clube que passou a unir os três humoristas: o Jerez Club de Futbol. Os verdinegros são o orgulho da cidade Jerez de los Caballeros, em Espanha, a pouco mais de uma hora de Elvas. Atualmente na Tercera División RFEF, a quinta divisão espanhola, o clube surpreendeu-se com a avalanche de adeptos portugueses devido ao podcast, que rapidamente se tornaram fiéis nas redes sociais e a adquirir camisolas.

Num sábado com alta probabilidade de chuva e vontade de ficar em casa, mais de 600 adeptos portugueses foram apoiar o Jerez CF num jogo contra o UD Montijo. O acontecimento até foi noticiado pela Marca, um dos principais jornais desportivos em Espanha. A Tribuna Expresso foi no autocarro oficial de “Falsos Lentos”, que partiu de Lisboa com apenas 50 pessoas. Os ouvintes transformados em claque de futebol organizaram-se entre boleias e outro autocarro, que saiu do Porto, para ver um jogo da “Liga dos Últimos”.

O que estava em causa não eram os três pontos, nem três humoristas, nem um podcast. Era o que faz do futebol a paixão mais importante das menos importantes: uma irracionalidade descabida que nos leva a apoiar 11 jogadores desconhecidos, em campo estrangeiro, como se a nossa vida dependesse disso.

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