OPA da SAD do Benfica pode abrir portas a investidores
A recente operação voluntária e parcial que a SAD lançou para reforçar a posição do clube na sociedade anónima abre várias soluções no futuro
A recente operação voluntária e parcial que a SAD lançou para reforçar a posição do clube na sociedade anónima abre várias soluções no futuro
Tribuna Expresso
A oferta pública de aquisição (OPA) voluntária e parcial da SAD do Benfica tem como objetivo reforçar a posição do clube na sociedade anónima. Esta ação abre também várias soluções para o futuro. Segundo o jornal “Record”, uma das possibilidades é fazer uma posterior venda de uma fatia dessas ações a dois ou três investidores estrangeiros, com envergadura financeira e credibilidade para poderem injetar capital e assim a SAD aumentar os seus capitais próprios. De uma forma mais simples, tal poderá permitir alguma liquidez para reforçar a equipa principal de futebol.
É conveniente ressalvar que nunca estará em causa a perda de controlo do clube sobre a maioria das ações da SAD, os atuais estatutos não o permitiriam. Se a OPA for bem-sucedida, o clube passará a deter mais de 91 por cento dos títulos da SAD, ficando com uma margem confortável de, pelo menos, 30 por cento dos papéis que poderá depois vender de forma seletiva.
Isso quer dizer que, com uma larga percentagem na mãos, o emblema da Luz não só ganha a possibilidade de negociar no futuro de forma livre, como também poderá eleger parceiros estratégicos com os quais, em momento por si escolhido, poderá negociar um valor para a alienação de parte das suas ações. Tal permitiria, por exemplo, injeções de capital por parte destes investidores – o grupo chinês Fosun, dono do Wolverhampton, ou a multinacional Huawei têm sido ligados com insistência a parcerias com as águias –, permitindo liquidez à SAD em troca de uma percentagem dos títulos. Encarando estes acordos de uma forte mais alargada, há muito que se fala no ‘naming’ do Estádio da Luz.
De qualquer forma, a posterior venda de uma parcela da SAD estará sempre sujeita às leis do mercado, obrigando também a sociedade anónima das águias a manter-se cotada em bolsa. O capital social é atualmente de 115 milhões de euros, mas a 30 de junho deste ano os encarnados comunicaram que o capital próprio até já tinha ultrapassado o dito valor, cifrando-se em 116,2 milhões de euros.
Outra das vantagens deste reforço de poder do clube na SAD é que, através de uma futura venda de participação, ele permite ser uma alternativa aos empréstimos obrigacionistas para garantir capital. Luís Filipe Vieira e seus pares querem reduzir as soluções obrigacionistas e, sendo assim, têm uma nova solução em carteira. Para além disso, o investimento de parceiros estratégicos não iria interferir com o aumento do passivo. Isto é, entraria capital, mas sem que a SAD visse disparar a parcela da dívida.
Em suma, 32 milhões de euros é quanto o clube irá desembolsar no total para passar a controlar mais cerca de 28 por cento da SAD, chegando assim aos 91 por cento. 116 milhões de euros foi o valor de capitais próprios que a SAD comunicou deter a 30 de junho deste ano, superando até os 115 M€ do capital social da sociedade anónima. 13 por cento (12,7) é a percentagem de ações detida atualmente pelo maior acionista individual da SAD: José António dos Santos, o proprietário da Valouro. Com a OPA, este pode encaixar agora cerca de 14 M€.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt