Fernando Gomes, 69 anos, deu uma longa entrevista ao programa “Primeira Pessoa”, da RTP. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol abordou várias questões que mexem consigo próprio e com o país, ou não estivéssemos a falar do “líder” da equipa nacional de futebol, a seleção de Cristiano Ronaldo. A importância do craque não se fica pelo relvado. "O facto de Ronaldo fazer parte das nossas seleções tem um impacto brutal nas finanças da FPF. É um líder aglutinador e fundamental na nossa afirmação," admite o dirigente.
A presença de CR7 torna-se ainda mais fundamental quando “a capacidade de gerar receitas” da Federação “é extremamente reduzida”. “Temos de nos saber adaptar em termos de desenvolvimento. Portugal, nos últimos quatro anos, foi considerado pela UEFA o país com a melhor formação,” lembra Fernando Gomes, que desenvolve o tema: “É difícil no mercado internacional termos a capacidade de ir buscar jogadores. É muito difícil reter o talento, em segundo plano. Há a necessidade de haver alguma convergência a nível de legislação e de rendimento através da proteção desses jogadores. Mesmo para a seleção nacional, não é muito positivo que os jogadores saiam tão cedo dos clubes. Portugal não tem capacidade para ombrear com os grandes clubes europeus”.
A nível de seleções, Portugal já se mostrou capaz de superar as congéneres europeias. Fernando Gomes admite que “o sonho comanda a vida” e acredita que a equipa das quinas pode ser um dia a melhor do mundo: “Se não sonharmos que somos capazes, obviamente não estamos aqui a fazer nada. Temos o sonho de um dia sermos campeões do mundo. Isso é a ambição e o sonho dos portugueses”.
O antigo atleta e vice-presidente do FC Porto não esconde que é adepto dos dragões, embora as suas funções atuais exijam uma postura mais diplomática. “Não deixo de ser portista mas, na função que exerço, todos os clubes são do meu coração," afirmou o antigo basquetebolista. Fora de hipótese está uma candidatura à sucessão de Pinto da Costa. “Depois do trajeto que tive na FPF, tendo contribuído de forma sistemática para o engrandecimento do futebol como atividade, creio que o tempo da minha relação com o futebol terá terminado [quando deixar o cargo de presidente da FPF],” afirmou. O dirigente lembrou ainda que “não foi com o apoio do FC Porto que” se tornou “presidente da Liga”. “Como presidente da Liga tive de saber apoiar todos os clubes de igual forma,” disse Fernando Gomes.
O presidente da FPF deixou ainda alguns elogios ao vídeo-árbitro: "O que seria do futebol atual sem o VAR? Foi uma decisão histórica e trouxe um resultado extremamente positivo na redução drástica dos erros de arbitragem, independentemente de uma vez ou outra podermos fazer melhor".
Fernando Gomes crê também que o futebol feminino merecia mais. "Não puxei tanto pelo futebol feminino quanto eu gostava. É um desafio enorme elevar a modalidade em Portugal," assumiu o líder da FPF.
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