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Cristiano Ronaldo e o jogo 200 pela seleção: “Nunca abdicarei, quero continuar a alegrar os portugueses. Não vou dar o meu lugar grátis”

Cristiano Ronaldo e o jogo 200 pela seleção: “Nunca abdicarei, quero continuar a alegrar os portugueses. Não vou dar o meu lugar grátis”
PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

Pela segunda vez desde que Roberto Martínez é selecionador, o capitão foi a uma conferência de imprensa, desta vez por ser a véspera de cumprir a 200.ª internacionalização contra a Islândia (19h45, RTP1). Ronaldo falou deste recorde, do primeiro jogo com Scolari, do “sonho” que ainda é representar Portugal e como ainda sente que “todas as pessoas” na equipa nacional “gostam da [sua] presença, participação e liderança”

Vai chegar às 200 internacionalizações contra a Islândia

“O jogo 200 pela seleção ser culminado com um golo era excelente, mas frisar que o mais importante é a equipa continuar o seu caminho até ao Europeu, três jogos, três vitórias, três bons jogos. E amanhã vamos tentar fazer o quarto, se conseguir marcar fico feliz, se não, que Portugal ganhe que é o mais importante.”

Algum momento especial?

“É difícil de mencionar só um jogo, foram tantos momentos bonitos na seleção e vou continuar a vivê-los. Os mais fáceis de memorizar são quando ganhas, as finais, quando ganhámos o Europeu de 2016 e a Liga das Nações [em 2019], mas há muitos bons, de caminhos largos e muitas vitória sofridas. Prefiro dizer que o jogo mais importante é sempre o próximo, mas não deixando de fora todos os momentos bonitos que vivi pessoalmente e, mesmo com as nossas glórias que passámos por Portugal, é sempre um orgulho representar a seleção. Penso que serei o primeiro da história a conseguir 200 jogos e fico muito orgulhoso por isso, é algo que nunca pensei.”

O que significa em termos de dimensão mundial?

“Muito, como disse, desde o primeiro dia que representar a seleção nacional sempre foi um sonho para mim e ficarei cá até achar que devo - eu, o treinador, o presidente. Nunca abdicarei de cá vir porque para mim é sempre um sonho jogar pela nossa seleção, fazer 200 jogos não é para qualquer, isso demonstra o amor que tenho pelo país e por jogar pela nossa seleção, e não é uma coincidência. Quero continuar a jogar e a alegrar a minha família, os meus amigos e todos os portugueses, porque tem sido uma caminha longa, mas ainda não terminará em breve, espero eu.

Estou muito feliz, espero que Portugal amanhã possa ganhar com ou sem golos do Cristiano, isso não é o mais importante, é o número em si, e que Portugal siga o seu caminho rumo ao Europeu.”

Lembra-se de algo do primeiro jogo frente ao Cazaquistão, em 2003?

“Nervoso fico sempre a jogar pela seleção, quando ouço o hino fico sempre com aquele nervosismo, não é igual às primeiras vezes, mas ainda continuo a sentir e isso é bom, é sinal de responsabilidade, de orgulho, de motivação. Representar a seleção é o auge na carreira, poderes representar a tua família, o teu país, os teus amigos. Se eu espero fazer mais? Óbvio, por isso é que estou aqui e continuo a minha caminhada. Quero continuar a ver o momento, a ver o dia a dia, a ver a minha forma, mas acho que ainda continuo bem - a ajudar, a fazer golos, boas exibições e isso é o mais importante, sentir-me motivado.

Enquanto sentir isso, e que todas as pessoas ao meu lado gostam da minha presença, participação e liderança, não abdicarei da seleção de qualquer forma. Como dizia o Bruno Alves, não ia dar o seu lugar grátis, e eu não o vou fazer. Sentir-me útil e uma mais-valia neste grupo é um orgulho e uma motivação. E o que mais quero é ajudar Portugal.”

O selecionador da Islândia disse que lhe vão dar algumas nódoas negras

“Já estou acostumado, 20 e tal anos de carreira e cheio de marcações nas pernas, na cara, nos braços e nas costas, nada que me surpreenda, estarei preparado como sempre. O mais importante é Portugal vir cá, mostrar que somos melhores do que eles e levar um bom resultado para continuarmos no nosso caminho para estarmos no Euro. Sabemos que será um jogo difícil contra uma seleção que joga em casa, com o seu público, uma equipa muito forte fisicamente, mas temos as nossas armas e tenho a certeza que nos vamos bater bem para ganharmos o jogo.”

Luiz Felipe Scolari disse que nunca mais haverá jogador assim em Portugal

“Foi o mister que me deu a oportunidade de vir à seleção, temos muitas boas memórias, é uma pessoa que estimo bastante e dizer isso sobre mim faz-me ficar orgulhoso. Para mim é um marco extremamente importante, nunca pensei um dia alcançar esse registo, mas há que continuar, tenho muitas mais internacionalizações para fazer. Amanhã é um número redondo e bonito, que ninguém tem, mas o mais importante é ganhar.”

As diferenças entre o Ronaldo de 2003 e o de agora

“Vamos mudando, obviamente, não acho que a maneira de ser tenha mudado muito, mas começamos a perceber o jogo de forma diferente, a nossa experiência, os nossos primeiros momentos são sempre de inocência, de ilusão, de descoberta, no meu caso foi assim. Agora há outros fatores mais importantes pelo facto de ser também capitão e ter esta geração de jogadores muito jovens, tento ser um exemplo e isso não é uma missão, porque acaba por ser de uma maneira natural. Mas, ao longo da vida, temos que mudar, não posso ser a mesma pessoa com 20 anos do que agora, com a idade que tenho. São experiências que temos de vivenciar no futebol, isso é normal. Sinto que continuo a ser uma grande valia na seleção, não só em campo como fora, pelo que tenho feito e ajudado os outros. Quero continuar, sinto que ainda tenho muito para dar e é viver o momento, que é bom e tem sido bastante positivo. Gosto de viver o presente, o futuro só Deus sabe.”

Qual é o recorde a bater a seguir?

“Não tenho noção, sei que alguns sou eu que os lidero, mas sei que tenho muitos mais. Digo-o sinceramente, e uma vez mais: eu não sigo os recordes, os recordes é que me seguem. Fico feliz, é uma motivação para continuar a jogar ao mais alto nível na nossa seleção, a verdade é que ainda estou a alcançar bastantes e isso deixa-me feliz e com a ambição de ainda fazer muita história com Portugal. Ainda estou na esperança de que possamos ganhar ainda mais alguns títulos.”

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