O analista Tiago Teixeira viu no Portugal - Lituânia (6-0) um jogo por vezes demasiado fácil para a equipa treinada de Fernando Santos, em virtude da fragilidade evidente do adversário. Ainda assim, há destaques óbvios que devem ser explorados: o jogo interior, a entrada de Pizzi e de Gonçalo Paciência, os golos de Ronaldo e, sim, o pequeno génio do corredor central que titula este artigo
Os 6-0 com que o jogo terminou refletem a diferença entre as duas seleções, mas os números poderiam ter sido ainda melhores, tal foi o volume ofensivo da seleção portuguesa. Além dos 71% de posse de bola, os jogadores portugueses fizeram um total de 32 remates (21 dentro da área), dos quais 13 foram enquadrados.
No onze inicial, Fernando Santos conseguiu juntar muitos jogadores com qualidade técnica e com capacidade de associação pelo corredor central (Rúben Neves, Pizzi, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Gonçalo Paciência e Ronaldo), e, por isso, Portugal foi capaz de aproveitar da melhor maneira o muito espaço que a seleção da Lituânia concedeu durante o seu momento defensivo.
Os lances do primeiro e terceiro golos, exemplificam quase na perfeição o que isto foi: muito espaço para Portugal penetrar pelo corredor central, espaço esse que foi explorado da melhor maneira, porque os jogadores portugueses se posicionaram sempre próximos uns dos outros, o que permitiu muitas combinações curtas.
Essa proximidade está representa na imagem do posicionamento médio dos jogadores portugueses (dados do site SofaScore), onde é possível ver Bernardo Silva (10), Pizzi (21), Bruno Fernandes (16), Ronaldo (7) e Gonçalo Paciência (14), muito próximos uns dos outros e em zonas interiores.
Este é o posicionamento médio de Portugal
No lance que esteve na origem do penalti sobre Ronaldo, além da distância entre os dois defesas centrais, houve também muito espaço entre os médios, pelo que foi demasiado fácil para Pizzi receber a bola apenas com os defesas da Lituânia pela frente. O passe de Pizzi para Ronaldo acabou por ser intercetado, mas o lance terminou no penalti que deu origem ao 1-0.
O primeiro golo de Portugal
No lance do terceiro golo (assistência de Bruno Fernandes e golo de Pizzi), uma situação idêntica. A proximidade entre Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Pizzi, permitiu a Portugal chegar, em primeiro lugar a zonas de criação (espaço entre os defesas e os médios da Lituânia), e depois a zonas de finalização, de uma forma criteriosa e apoiada. O espaço era muito, mas Portugal teve inteligência para o aproveitar da melhor maneira.
O terceiro golo de Portugal
Os destaques
Primeiro, Gonçalo Paciência. Exatamente dois anos depois, o ponta de lança voltou a vestir a camisola da seleção portuguesa – a primeira internacionalização tinha sido a 14 de novembro de 2017 frente aos EUA –, e a sua exibição veio confirmar o que já se sabia: é um dos melhores avançados portugueses, e merece estar entre os escolhidos de Fernando Santos.
Apesar de ter pecado na finalização (talvez fruto da ânsia de marcar o seu primeiro golo), demonstrou ser uma mais valia na frente de ataque portuguesa, quer pelo que oferece em zonas de finalização, quer pela capacidade e qualidade com que se associa com os colegas.
Por outro lado, quem continua de pé quente ao serviço da seleção é Ronaldo, que, com os três golos marcados frente à Lituânia, chegou aos 48 na era Fernando Santos, em apenas 49 jogos realizados.
Ainda no que diz respeito aos destaques individuais, seria tremendamente injusto (e de injustiças já ele deve estar farto...) não falar de Bernardo Silva, após mais um recital de futebol. Durante os 64 minutos que esteve em campo, demonstrou, a cada toque na bola e a cada decisão, aquilo que faz dele um verdadeiro talento. E é no corredor central, como aconteceu frente à Lituânia, que Fernando Santos pode extrair tudo o que o nosso pequeno génio tem para oferecer.