Quase um ano depois do Mundial de 2022, que marcaria o fim de oito anos à frente da Seleção Nacional, com uma passagem funesta pelo banco da Polónia pelo meio, Fernando Santos concedeu uma entrevista ao jornal “A Bola”, onde falou sobre o choque com Cristiano Ronaldo e da relação entre os dois que esfriou depois de ter deixado o capitão, e o melhor jogador da história, na sua opinião, fora do onze nos jogos dos oitavos e quartos de final, frente a Suíça e Marrocos.
Após revelar que não fala com Cristiano Ronaldo desde o regresso da equipa do Catar, Fernando Santos explicou ao diário que os dois, que se conhecem desde que o treinador o encontrou no Sporting tinha Ronaldo apenas 19 anos, sempre se deram “muito bem”, uma relação que se reforçou quando se reuniram na seleção.
“A expressão é um bocadinho forte mas [era] quase como pai e filho, ou irmão mais novo e irmão mais velho. Tínhamos uma relação muito estreita, muito forte, quer profissional, quer pessoal”, frisou o treinador de 69 anos, sublinhando que a decisão de tirar a titularidade a Ronaldo no Mundial foi, apenas, “estratégica” e que, primeiro tinha de “pensar na equipa”.
À “Bola”, Fernando Santos garante que voltaria hoje a fazer o mesmo, lembrando que Cristiano Ronaldo não estava no seu melhor momento durante o Mundial do Catar, após seis meses em que teve de lidar com uma tragédia pessoal e falta de minutos no Manchester United.
“Em termos de ritmo de jogo foi o pior momento dele. Ele não tinha ritmos. Nós tentámos, durante aqueles jogos antes do Campeonato do Mundo e, depois, nos primeiros jogos do próprio Campeonato do Mundo, que ele entrasse nos ritmos do jogo, que era aquilo que lhe estava a faltar. O resto não lhe faltava nada”, continuou o ex-selecionador, recordando que fisicamente o jogador estava, como sempre, “no top” e que “ninguém cuida melhor do corpo e da sua performance” quanto Cristiano.
Nesse sentido, Fernando Santos nega que a reação de descontentamento de Cristiano Ronaldo quando foi substituído no jogo frente à Coreia do Sul esteja ligada à decisão de o tirar do onze para o jogo com a Suíça: “Nada! Zero! Já tive muitos casos desses e nunca tive problemas com ninguém. Acha que ao longo de 35 anos de carreira nunca houve jogadores que olharam e falaram para o lado?”. E assume, novamente, que quando anunciou ao capitão que este não seria titular, este “interpretou mal”.
“Se eu percebo a reação dele? Percebo! Já referi que aquele período foi de grande ansiedade para ele, percebo a reação porque para ele é um grande amigo que o deixa fora. Mas eu não me podia orientar por aí”, explica Fernando Santos, que tem esperança que a relação entre os dois possa um dia voltar a bons termos. “No dia em que o telefone tocar, ele sabe sempre que eu estou cá. Isso é garantido. Eu sei que isto magoa, sei que doeu muito. Espero que um dia mude a situação atual. Se não acontecer, paciência. Fico triste, mas pronto…”.
Para Fernando Santos, Cristiano Ronaldo não é só o melhor jogador que treinou, mas mesmo o melhor jogador da história. “Eu que sempre adorei Eusébio e que sempre gostei de Pelé, não tenho dúvida em dizer que é o melhor do mundo”.
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