Portugal

Roberto Martínez chama Pote e Rodrigo Mora à seleção para a final four da Liga das Nações (e o regresso às memórias de Munique)

Roberto Martínez chama Pote e Rodrigo Mora à seleção para a final four da Liga das Nações (e o regresso às memórias de Munique)
Diogo Cardoso

Para defrontar a Alemanha, a 4 de junho, nas meias-finais da final four da Liga das Nações, o selecionador nacional, chamou 27 jogadores e deu a estreia ao adolescente que é o menino-bonito do Dragão, além de fazer regressar Pedro Gonçalves e dizer, mais uma vez, que Tomás Araújo não foi chamado devido a problemas físicos

Em disputa, para Portugal, estará o acesso à sua segunda final da Liga das Nações, após a conquista da primeira edição da prova, em 2019. Não será um nó fácil de desatar. A meia-final será em Munique, no estádio que presenteou a seleção com uma goleada aquando da última visita, em 2021, para a fase de grupos do Europeu. O passado não tem corpo, nem pernas, não é ele que joga, mas a primeira meia-final que a equipa nacional joga com Roberto Martínez dará ao treinador o seu segundo desafio de maior dificuldade enquanto líder da seleção, após os quartos de final do último Campeonato da Europa, contra a França.

O 29.º encontro do espanhol a orquestrar a equipa surge após os sobressaltos sentidos frente à Dinamarca, que engoliu Portugal em Copenhaga (derrota por 1-0) com um intenso jogo de pressão antes de ser ultrapassada no prolongamento, em Alvalade (5-2), num grito de sobrevivência recheado com mais coração do que cabeça. Dessa noite pelo menos para a próxima, na Allianz Arena, o selecionador nacional decidiu mexer um pouco no lote dos chamados.

A maior novidade é Rodrigo Mora, o adolescente do FC Porto empurrado pelo seu talento para meio dos adultos. Roberto Martínez admitiu o seu "alto nível" nos últimos seis meses. "Eu vi o Rodrigo Mora jogar pela seleção sub-17 e foi um impacto muito positivo", explicou. Além da estreia do atacante, o treinador decidiu também fazer regressar Pedro Gonçalves, nuclear jogador do Sporting, apesar de ainda estar à caça da melhor forma. E disse o seu nome no grupo de médios, o que pode indiciar uma pista, já que Pote, no seu clube, joga no lado esquerdo do ataque. De fora deixou Geovany Quenda, presente nas últimas convocatórias, a quem nunca chegou a dar minutos.

A lista dos 27 convocados por Roberto Martínez:

Guarda-redes: Diogo Costa (FC Porto), Rui Silva (Sporting) e José Sá (Wolves).

Defesas: Rúben Dias (Manchester City), Gonçalo Inácio (Sporting), Nuno Tavares (Lazio), António Silva (Benfica), Renato Veiga (Juventus), Diogo Dalot (Manchester United), Nuno Mendes (PSG) e Nélson Semedo (Wolves).

Médios: Vitinha (PSG), João Neves (PSG), Bruno Fernandes (Manchester United), Rúben Neves (Al-Hilal), João Palhinha (Bayern de Munique), Bernardo Silva (Manchester City) e Pedro Gonçalves (Sporting).

Avançados: Cristiano Ronaldo (Al-Nassr), Rafael Leão (AC Milan), Diogo Jota (Liverpool), Gonçalo Ramos (PSG), Francisco Trincão (Sporting), Pedro Neto (Chelsea), Rodrigo Mora (FC Porto), João Félix (AC Milan) e Francisco Conceição (Juventus).

Antes de responder às perguntas dos jornalistas, o treinador esclareceu que dois jogadores não puderam ser chamados devido a problemas físicos e após a informação médica recebida dos respetivos clubes: João Cancelo e Tomás Araújo. É a segunda convocatória seguida em que o defesa central do Benfica, improvisado há meses como lateral direito, não consta na lista devido a esta justificação - dada sempre pelo próprio selecionador nacional. Em março, seria depois utilizado pelos encarnados.

Os fantasmas de Munique

O lastro de jogos contra a Alemanha não é um lugar feliz na memória coletiva de Portugal. Houve aquele jogo em 2000, o tal hat-trick do Sérgio Conceição expoente dos então habituais suplentes da seleção no Europeu, a massacrar um conjunto moribundo de germânicos que representaram um estatelar no fundo do poço para o futebol alemão, que aí percebeu a necessidade de se reinventar.

Essa quase ressurreição escalaria ao cume em 2014, quando conquistou o Mundial no Brasil. Antes, durante essa aventura e depois dela, o país de um dos ditados mais famosos da bola aplicou a lição do adágio à seleção portuguesa: no final das partidas de 2006, 2008 e 2012, ganhou a Die Mannschaft, como o fez no tal torneio que venceu e, mais recentemente, em 2021, ao derrotar Portugal na fase de grupos do Europeu precisamente no local onde as duas equipas vão retornar a 4 de junho.

Na Allianz Arena, em Munique, a Alemanha treinada por Julian Nagelsmann vai receber a seleção nacional a contar para as meias-finais da Liga das Nações, no mesmo estádio onde há quatro anos marcou quatro golos contra os dois de Portugal - o segundo encontro seguido no historial entre os países em que a seleção sofreu tal soma. Em 19 partidas, os germânicos só não venceram três.

Se Portugal desta feita vencer, à sua espera estará a Espanha ou a França, que se vão defrontar em Estugarda - caso perca, o jogo do 3.º e 4.º lugares está marcado para essa outra cidade, no mesmo dia, 8 de junho. E nem precisará de se deslocar: a final da Liga das Nações será também em Munique. A seleção nacional vai jogar para marcar golos, ganhar e, vendo bem as coisas, tentar refundar as memórias que tem com um certo estádio.

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