O presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) recusa comentar a acusação contra o Sporting e Rubén Amorim, enquanto o processo estiver a ser analisado pelo Conselho de Disciplina da FPF. José Pereira justifica o silêncio para não ser acusado de perturbar o caso, após a Comissão de Instrutores da Liga ter sustentado que a direção do Sporting terá incorrido numa presumível fraude ao contratar um técnico sem habilitações para ser treinador-principal da I escalão do futebol português.
José Pereira confirma que a participação foi feita à Liga há um ano, na altura da contratação de Amorim ao Sporting de Braga, inscrito como treinador-adjunto, um artifício há muito utilizado pelos clubes para driblar a legislação desportiva quando os técnicos escolhidos não têm o nível IV do Curso de Treinadores.
O líder da ANTP diz ao Expresso que não quer tecer comentários para que os membros do Conselho de Disciplina possam julgar o caso sem pressões, garantindo que aceitará a decisão "seja ela num sentido ou noutro". Sobre o facto de só agora ter sido deduzida acusação, José Pereira diz ser alheio aos prazos da justiça desportiva, que “anda devagar, devagarinho”.
Em janeiro foi divulgado que Rúben Amorim inscreveu-se no nível 4 do curso de treinadores da FPF, situação que o permitiu ser colocado como técnico principal da ficha de jogo dos encontros do Sporting, inibição a que se viu obrigado desde que em março de 2020 foi contratado pelos 'leões'. Na prática e aos olhos de todos, Amorim era o treinador principal, mas no papel e para efeitos normativos da competição surgia como adjunto de Emanuel Ferro.
Umas das indignações do Sporting é não ter a ANTF participado a sustentada ilegalidade quando Rúben Amorim era treinador do Sporting de Braga. José Pereira também não comenta a questão, apesar de ter sido pública a oposição da ANTF à contratação do técnico para treinador principal do Braga, na sequência da saída de Sá Pinto, em dezembro de 2019.
“Uma vergonha” e mais ”um triste episódio que mancha a classe” foram algumas das críticas feitas, então, pelo organismo de classe e que mereceu uma forte reação de António Salvador. Em comunicado, a ANTF tornou público o seu repúdio pela contratação à margem dos regulamentos, situação recorrente no futebol português, como já aconteceu com Paulo Bento, e repetida por Frederico Varandas no Sporting após ter contratado Silas, também sem as devidas habilitações.
Refira-se que o nível IV e último da hierarquia de cursos da UEFA é exigível pela Liga Portugal, regulamento também validado pela FPF em 2012.
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