O Sporting sofreu para derrotar (2-1) o Varzim, na 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. Frente ao penúltimo classificado da II Liga, Amorim deu oportunidades a alguns jogadores menos utilizados, mas foi o habitual Pote, com dois golos, o segundo deles a desfazer o empate aos 88', a figura da 9.ª vitória seguida dos campeões nacionais
Nos constantes recomeços e paragens que o futebol de clubes tem durante o outono, as eliminatórias da Taça surgem, para os principais emblemas, como oportunidades de gestão dos seus plantéis no meio das exigências do campeonato e da Liga dos Campeões. No entanto, em certas ocasiões essas eliminatórias estão longe de se apresentarem como uma mera formalidade, exigindo que as formações de maior dimensão tenham de dar o melhor de si para evitar dissabores.
Foi um pouco isso que aconteceu em Alvalade, onde o Sporting bateu, por 2-1, o Varzim, cumprindo o objetivo de superar a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. No entanto, perante o 17.º classificado da II Liga, que nas últimas quatro rondas do seu campeonato só somou um ponto, a equipa de Rúben Amorim não encontrou quaisquer facilidades, só chegando à vitória com um penálti de Pedro Gonçalves, o seu goleador pontual, ao minuto 88.
O Sporting entrou em campo com novidades como Gonçalo Esteves, na sua estreia oficial em Alvalade, ou Tabata, que nunca tinha sido titular na presente campanha. Mas o Varzim, assente na experiência de I Liga de André Micael, Assis, André Leão ou Nuno Valente, veio a Lisboa disposto a mostrar ter uma cara no seu campeonato e outra na Taça, prova na qual já havia eliminado o primodivisionário Marítimo.
Não sabemos qual a solução política mais do agrado dos poveiros, mas nesta partida o Varzim optou por fortalecer o seu bloco central, bloqueando os caminhos no miolo, obrigando o seu adversário a procurar coligações à direita e à esquerda. Mas, sem jogo interior, o Sporting sofria e rapidamente ficou claro que teríamos uma noite de equilíbrio em Alvalade.
A primeira grande oportunidade foi mesmo dos visitantes, sempre atrevidos durante a 1.ª parte. Um grande trabalho de Heliardo, referência frontal sempre disposta a incomodar defesa rival, isolou Zé Tiago, mas este ter-se-á deslumbrado com tanto espaço que, ao demorar tanto tempo, ficou sem espaço, perdendo-se uma soberana ocasião para o Varzim.
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Com dificuldades para penetrar no bloco poveiro, os campeões nacionais procuravam o golo de fora da área, com Tabata e Bragança a obrigarem Isma a excelentes intervenções. Do outro lado, Virgínia também dizia presente após remate de Tavinho, mas era o guardião dos visitantes a brilhar mais, evitando o 1-0 após excelente lance de Matheus Nunes, isto já depois de Jovane ter acertado na barra na marcação de um livre direto.
A sensação de termos um Varzim arrojado em casa dos campeões nacionais era evidente, mas a equipa de António Barbosa quis dar razão ao seu treinador, que na antevisão do embate disse que "improvável não é a mesma coisa que impossível". E Tavinho, assistido com qualidade por João Reis, ficou a centímetros de levar os poveiros para o descanso na frente.
A segunda parte até começou com Matheus Reis a forçar Isma a nova grande defesa, mas a precisão e inspiração do Sporting não pareciam melhorar. Gonçalo Esteves, o jovem de 17 anos que ainda não tem idade para conduzir automóveis, bem tentava mostrar a sua habilidade para ziguezaguear com a bola, mas as suas iniciativas não tinham grandes efeitos práticos.
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Se a noite dos "leões" não estava fácil, bem pior ficou aos 58', quando Jovane Cabral, lesionado no joelho, teve de ser substituído por Pedro Gonçalves, num momento de apreensão geral. Com o mau estado do relvado também como adversário, Amorim lançou, para os últimos 25 minutos, a dupla espanhola Pablo Sarabia e Pedro Porro, num claro sinal de que, para evitar um indesejado prolongamento, era preciso recorrer aos melhores futebolistas da equipa, numa espécie de elogio à competência do adversário.
E, dois minutos depois da entrada de Sarabia, o canhoto fugiu pelo flanco e serviu Paulinho. O português viu João Reis negar-lhe o golo de calcanhar, mas a bola sobrou para um daqueles jogadores que por magia, intuição ou sorte costuma estar no caminho deste tipo de bolas soltas. O golo é a arte mais difícil do futebol e Pedro Gonçalves voltou a mostrar que a domina, inaugurando o marcador.
Mas o Varzim não estava em Alvalade para se render. Talvez embalados pelo espírito de 1987, quando os tentos de Joaquim Soares e Vata deram a única vitória no terreno do Sporting ao clube, os poveiros continuaram a lutar e foram recompensados quando André Narciso marcou penálti por falta de Nuno Santos sobre Murilo. Heliardo, perante Virgínia, não tremeu, chegando aos oito tentos na temporada e fazendo o 1-1 à entrada para os últimos 10 minutos de jogo.
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A sombra do prolongamento pairava sobre Alvalade, ameaçando dar mais 30 incómodos minutos de futebol a um Sporting que, na próxima quarta-feira, recebe o Borussia Dortmund num dos duelos europeus mais importantes da história recente dos "leões". Ora, para evitar esse prolongamento, apareceu uma má abordagem de João Reis, que chegou atrasado ao duelo com Porro, derrubando o espanhol dentro da área.
Na conversão do penálti, Pote, que antes do árbitro apitar olhava-o com aquele seu ar insultuosamente despreocupado, fez o 2-1 com a simplicidade que leva atada a quase todos os seus golos. E são já 32 festejos em 50 partidas com a camisola verde e branca.
Para chegar à 9.ª vitória seguida, o Sporting teve de sofrer e recorrer a alguns dos seus melhores executantes. Perante um Varzim que foi brava oposição, o bom momento da equipa de Rúben Amorim foi acentuado, à espera do teste aos sonhos europeus que será feito pelo Dortmund.