Depois do treino num dos sete relvados da academia do Toluca, Nuno Campos viu uma parte do clássico entre Sporting e FC Porto. Quando chegou a casa, espiou o que faltava. E foi nessas intermitências de um clássico distante que entrou na máquina do tempo e reviveu alguns momentos no Tondela. É que o seu ex-jogador “Edu”, ou Eduardo Quaresma, o improvável substituto de Sebastián Coates no jogo em que se discutia a liderança da Liga, foi o futebolista mais astuto e fino em cima do relvado nas diferentes camadas do jogo.
“Foi o melhor em campo, não é?”, pergunta como quem afirma, numa conversa por telefone com este jornal. Depois do jogador sair arruinado fisicamente, quando faltava meia hora para o apito final, Rúben Amorim fez o papel de pai chato, orgulhoso mas chato, pedindo ao atleta para dar sequência àquele momento bonito. Nuno Campos, de 48 anos, lembra-se das inúmeras conversas com Quaresma. “O Eduardo tem um talento, sobretudo com bola, de quem passou por um clube grande e está num clube grande, e é jogador de equipa grande”, reflete. “Tinha de crescer na parte defensiva, na agressividade em cada lance. Incidimos muito nesse aspeto, mostrava-lhe vídeos. No treino falava com ele para ele ser mais agressivo mais vezes. Num Tondela temos de defender mais tempo do que atacar.”
Foi essa versão de defesa completo que Campos testemunhou no seu “menino” a partir do México. “Deu uma grande resposta. Apanhou um Galeno que tinha acabado de ser o melhor em campo no jogo da Liga dos Campeões e, nesses duelos com ele, deu esta resposta, o que significa que ele tem dentro dele isto para dar. Só tem de fazer sempre da mesma maneira, de levar os treinos todos a sério, os jogos todos a sério. Às vezes o talento dele é tão grande que lhe permite facilitar um nadinha. Esse facilitar transmite-se para o jogo seguinte”, explica, indicando que só fala neste tema de mentalidade porque Rúben Amorim o fez publicamente.
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