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Sporting na Câmara de Lisboa: Varandas anuncia “mudança de paradigma” e diz ser “possível ganhar sem processos e guarda pretoriana”

Sporting na Câmara de Lisboa: Varandas anuncia “mudança de paradigma” e diz ser “possível ganhar sem processos e guarda pretoriana”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Os campeões nacionais foram recebidos por Carlos Moedas, que disse que “o Sporting representa o melhor que há na cidade”, elogiando o “verdadeiro leão” Rúben Amorim. Já o presidente verde e branco louvou “um dos melhores treinadores do mundo”, voltando a garantir que o técnico ficará, garantindo que é “o fim de uma era em que o Sporting vencia esporadicamente” e mandando bicadas aos rivais: “É possível vencer sem a mancha de processos judiciais e sem qualquer guarda pretoriana paga”

Sporting na Câmara de Lisboa: Varandas anuncia “mudança de paradigma” e diz ser “possível ganhar sem processos e guarda pretoriana”

Pedro Barata

Jornalista

O dia a dia do Sporting é um contínuo de festejos. Depois do Marquês, do Estoril ou da receção ao Desportivo de Chaves, as celebrações da conquista da I Liga tiveram outro episódio, o mais institucional e formal, com a receção na Câmara Municipal de Lisboa.

Com muitos sportinguistas enchendo a Praça do Município, o presidente da autarquia da capital, Carlos Moedas, fez de mestre de cerimónias, inaugurando a cerimónia com um “bem-vindos, campeões!”, o primeiro momento de um discurso em que teceu rasgados elogios ao Sporting. “Hoje Lisboa é verde e branca. A cidade vive a glória do Sporting Clube de Portugal”, disse Moedas.

Cuca Roseta pontuou o fim de tarde com momentos musicais, cantando a marcha do Sporting e o “Mundo Sabe Que”. Na Câmara Municipal de Lisboa estavam, também, antigos autarcas da cidade, como Carmona Rodrigues e Santa Lopes, que ouviram Moedas a sublinhar a “raça e a vontade de vencer”, que foram “a chave desta conquista”.

Foi a primeira vez que Carlos Moedas, eleito poucos meses depois do primeiro título da era Amorim, recebeu o Sporting como vencedor da I Liga. O presidente classificou Rúben Amorim como “um verdadeiro leão”, considerando-o um “vencedor, campeão e ídolo”.

Frisando que o Sporting “representa o melhor que há na cidade”, Moedas destacou várias figuras: Sebastian Coates, “um exemplo do que dever ser um líder”, Antonio Adán e Luís Neto, entre os jogadores, referindo ainda Paulinho, “o roupeiro que todos amam”, e Frederico Varandas, um “verdadeiro líder”, que operou “uma revolução silenciosa” em Alvalade.

Carlos Moedas entregou um Santo António pintado de verde a Sebastián Coates, Rúben Amorim e Frederico Varandas. O capitão, fiel à sua timidez comunicacional, não quis falar, enquanto Rúben Amorim falou só na varanda, dirigindo-se aos adeptos com a mirada posta no Jamor: Acho que já fizemos a festa que tínhamos a fazer, temos jogo domingo. Quero que saibam que o nosso corpo está aqui, mas a nossa cabeça já está no Jamor, queremos muito ganhar a Taça de Portugal”, assegurou.

As garantias de Frederico Varandas

Campeão pela segunda vez como presidente, Frederico Varandas falou depois de Carlos Moedas, após uma época em que pouco se dirigiu aos órgãos de comunicação social. O presidente do Sporting fez duas promessas: voltou a assegurar a continuidade de Rúben Amorim, “um dos melhores treinadores do mundo” — “temos hoje, temos há quatro anos e temo-lo para o ano” —, e garantiu que, em 2026, o estádio de Alvalade deixará de ter fosso.

Varandas começou o discurso com um a referência ao Benfica, um “digno vencido”, mas acabou com bicadas aos rivais: “É possível vencer sem a mancha de processos judiciais e sem qualquer guarda pretoriana paga”, disse.

Para o líder verde e branco, este título é “mais do que um campeonato”, é “uma mudança de paradigma”, o “fim de uma era em que o Sporting vencia esporadicamente e com intervalos de décadas”, sendo um emblema “preparado para vencer e continuar a vencer”.

MIGUEL A. LOPES

Com os adeptos a interromperem, regularmente, os discursos com pedidos como um “fica! fica! fica!" para Viktor Gyökeres, Frederico Varandas recordou as melhorias nos resultados financeiros, desportivos, institucionais ou do número de sócios pagantes desde que, em 2018, assumiu a presidência: “Em 2018, o clube estava em guerra civil e éramos falados pelos piores motivos. Hoje somos falados por um comportamento exemplar, unidos exclusivamente pelo amor ao clube”, atirou Varandas, que prometeu “voltar domingo”, depois da final da Taça.

Na varanda da Câmara Municipal, diante dos adeptos, Gyökeres também colocou o foco no Jamor, já que há “mais um jogo e mais um título para ganhar”. E Luís Neto fez uma espécie de referendo popular para escolher um novo capitão, já que a saída do central e de Adán abrem duas vagas nessa lote. O defesa perguntou à multidão: “Nuno Santos a capitão?”, obtendo um unânime “Sim!” como resposta.

Antes da Câmara, a visita a Manuel Fernandes

O final da época do Sporting foi de constante homenagem a Manuel Fernandes. O goleador de Sarilhos Pequenos, autor de 257 golos em 433 jogos pelos leões — segundo jogador que mais vezes marcou e o quarto que mais partidas realizou —, está há várias semanas internado. Num desses momentos de tributo, a equipa de Rúben Amorim entrou no Dragão, contra o FC Porto, com uma camisola com o número 9, em lembrança do ex-avançado.

Tinha sido acordado que Manuel Fernandes entregaria a Taça à equipa, mas o estado de saúde impediu-o. Assim, Frederico Varandas e Viktor Gyökeres foram, eles, entregar o troféu ao antigo capitão.

Em declarações à “Sport TV” antes da chegada do Sporting à Praça do Município, Tiago Fernandes, filho de Manuel, informou que o pai está “um bocadinho melhor” e que estes gestos são “importantes” para manter “a moral em alta”. “O Sporting é a vida dele”, disse o também treinador, que revelou que Manuel fez um “pedido especial” a Gyökeres para que este fique.

Também em lembrança de Manuel Fernandes, Carlos Moedas anunciou, na parte final do seu discurso, que proporá a atribuição de medalha da cidade a Manuel Fernandes, que classificou como “lenda e eterno capitão”.

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