Portugal passará a ter a segunda etapa do circuito mundial de surf. Mulheres vão, finalmente, surfar as mesmas ondas que os homens
Damien Poullenot/WSL
A World Surf League baralhou tudo e voltou a dar: decidiu cancelar a atual época dos circuitos mundiais e logo anunciar alterações aos formatos de competição. A partir de 2021, a etapa de Peniche será a segunda no calendário do Championship Tour, que começará (já em dezembro) no Havai e acabará com a WSL Finals, o novo formato para determinar os campeões mundiais. O circuito feminino vai parar nos mesmos locais que o masculino (incluindo Teahupo'o, 14 anos depois). E, ainda este ano, Portugal vai acolher um evento de exibição da WSL, em setembro
As ondas a virem, a desmancharem-se perfeitamente contra bancos de areia, de coral ou alinhadas em pontões, o mar com as suas boas e surfáveis rabugices e o surf em pausa, pausado por uma pandemia que foi adiando os circuitos mundiais até agora. A World Surf League (WSL) decidiu que já não valia a pena jogar com a natureza errática da fortuna e acelerou mudanças para o Championship Tour (CT) e o Qualifiying Series (QS) que muito dizem respeito a Portugal.
O principal dos circuitos da WSL que dá voltas ao mundo e faz os melhores surfistas pararem onde quebram as ondas mais queridas por quem anda nesta vida vai, a partir de 2021, passar na praia de Supertubos, em Peniche, em fevereiro (18-28). Já não será a penúltima etapa do CT, em outubro, como o era desde 2009, quando Portugal passou a ter uma prova residente no circuito.
O MEO Pro Peniche será a segunda etapa de um calendário reformulado, que também vai arrancar - e não terminar - no Havai, dentro dos monstruosos tubos de Pipeline, em dezembro. Após a prova portuguesa, o circuito seguirá praticamente o curso que tinha, indo para as três etapas australianos, rumando depois ao Brasil, às ondas artificiais de Kelly Slater, à Indonésia, à África do Sul e terminando a espécie da fase regular em Teahupo'o.
Surfadas as cavernosamente assustadoras esquerdas do Tahiti, os cinco primeiros surfistas do ranking serão apurados para as WSL Finals, um formato para decidir os campeões mundiais que terá heats um contra um, em local a definir mais tarde.
A calendário do CT masculino e feminino para 2021:
- Shiseido Maui Pro, Honolua Bay, Maui, Havai: 25 de novembro a 5 de dezembro de 2020 (só mulheres)
1. Billabong Pipe Masters, Oahu, Havaí: 8 a 20 de dezembro de 2020 ( só homens) 2. MEO Pro Peniche, Portugal: 18 a 28 de fevereiro de 2021 3. Snapper Rocks, Gold Coast, Austrália: 18 a 28 de março de 2021 4. Rip Curl Pro Bells Beach, Victoria, Austrália: 1 a 11 de abril de 2021 5. Margaret River, Austrália Ocidental, Austrália: 16 a 26 de abril de 2021 6. Oi Rio Pro Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil: 20 a 29 de maio de 2021 7. Surf Ranch, Lemoore, Califórnia, EUA: 10 a 13 de junho de 2021 8. Quiksilver Pro G-Land, Indonésia: 20 a 29 de junho de 2021 9. Supertubes, Jeffreys Bay, África do Sul: 7 a 19 de julho de 2021 10. Teahupo'o, Tahiti: 26 de agosto a 6 de setembro de 2021
11. WSL FINALS, local TBD: 8 a 16 de dezembro de 2021
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É a piscadela de olho que a WSL dará aos confrontos individuais, em teoria, entre os e as melhores surfistas - e, possivelmente, os mais mediáticos e com mais seguidores - para atrair audiências, na pista do que aconteceu o ano passado, quando a sorte fez Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, então 2.º e 1.º classificados do ranking, decidiram o título no último heat do ano.
Pela primeira vez, as mulheres terão as mesmas etapas que o masculino, medida que sucede à igualdade de prémios monetários garantida pela WSL em 2018, que fez do circuito mundial a primeira competição sediada nos EUA a garantir igualdade de pagamento. O que implica, portanto, que 14 anos volvidos elas voltem a domar Teahupo'o, no Tahiti. Este e outros assuntos foram abordados por Francisco Spínola, há ano e meio, diretor da WSL para a Europa, África e Médio Oriente, em entrevista à Tribuna Expresso.
Para evitar que não haja surf com os melhores do mundo envolvidos, a WSL vai, até novembro, organizar vários eventos a que chamou WSL Countdown. Um deles será em Portugal, em setembro, embora o local ainda não tenha sido decidido.
Francisco Spínola é diretor-geral da World Surf League para a Europa, África e Médio Oriente desde 2018