Nem três meses após partir o tornozelo, Frederico Morais vai competir em Supertubos
Kody McGregor
Em dezembro, em Kikas sofreu uma grave lesão que o obrigou a uma cirurgia, mas a organização do MEO Rip Curl Pro, de Peniche, deu-lhe um wildcard para competir na terceira etapa do circuito mundial. Fez o mesmo com Yolanda Hopkins, que por um triz não se qualificou para a elite feminina o ano passado
O mar quis pouco com Frederico Morais a 10 de dezembro.
A onda era tímida em tamanho, a ameaça não se proporcionou aí, mas, na aterragem de uma manobra aérea, o surfista espatifou o tornozelo direito. "Fratura com luxação do tornozelo (articulação tibiotársica)", escreveu Kikas dois dias depois, no Instagram, dando conta da ida para o hospital onde seria posto a dormir e operado pela primeira vez na vida. Prestes a cumprir 33 anos, sofria uma mazela custosa para o corpo e o ânimo.
Não para Frederico Morais. Por entre o que foi desvendando nas redes sociais, amparado pelo auxílio precioso do pai, fisioterapeuta de profissão, o surfista com os melhores resultados da história das ondas portuguesas afincou-se na recuperação e há pelo menos duas semanas já estava no mar, a remar contra o tempo perdido - já decorre a temporada competitiva no surf, apesar de as provas que interessam a Kikas, do Challenger Series, o circuito que apura para a primeira divisão do surf, só arrancarem em junho.
Acabado de regressar, ainda a sacudir a ferrugem do corpo e a combater os bichinhos na cabeça aparecidos sempre numa lesão deste tipo, Frederico Morais recebeu um alento: foi convidado para competir na etapa portuguesa do Championship Tour (CT) que se realiza, como costume, na Praia de Supertubos, em Peniche, revelou esta sexta-feira a World Surf League (WSL).
O surfista de Cascais competiu na elite mundial em 2017, 2018, 2021, 2022 e 2024 e foi tricampeão nacional por três vezes (2013, 2015 e 2020). Kika recebeu um wildcard para a prova e, sendo um convidado, já esperaria ser sorteado num heat inaugural complicado, contra adversários com ranking elevado. Saiu-lhe em sorte o brasileiro Ítalo Ferreira, ex-campeão mundial e atual líder da hierarquia, que já venceu em Supertubos por duas ocasiões (2018 e 2019), além do havaiano Seth Moniz, 22.º classificado entre 35 surfistas.
Thiago Diniz
A fazer-lhe companhia entre os convidados a participar no evento em Peniche estará Yolanda Hopkins.
A duplamente olímpica surfista do Alentejo, saída com um diploma de Tóquio, em 2021, e com uns oitavos de final de Paris (ou Teahupo'o, no Taiti, onde se fez a prova de ondas) o ano passado, Yolanda regressa a Supertubos após o 5.º lugar de 2023, pelos vistos não suficiente para merecer um convite em 2024, quando até era a campeã europeia em título.
A algarvia de 26 anos esteve muito perto de ter o direito automático de estar na etapa de Supertubos: em outubro, na derradeira prova do Challenger Series da época passada, alcançou as meias-finais e, frente a uma adversária com quem discutia literalmente a qualificação para o circuito mundial, acabou a precisar apenas de uma onda de 6 pontos para a derrotar. Tão perto de saborear a glória, não surfou essa tal onda.
Convidada agora para Peniche e arcando com a mesma fortuna de Kikas, terá logo de medir-se contra Caitlin Simmers, o prodígio adolescente dos EUA que só tem 19 anos e já é a campeã mundial. A outra adversária será Johanne Defay, francesa que ganhou em Peniche em 2024. "Não entrei neste tour por uma fração, portanto estou muito feliz por poder representar o meu país no evento do CT em Portugal!", congratulou Yolanda Hopkins, no Instagram, reagindo à notícia.