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Frederico Morais partiu o tornozelo há três meses e vai competir em Peniche. Tem parafusos, tem medos, mas também ficou cheio de fome

Frederico Morais partiu o tornozelo há três meses e vai competir em Peniche. Tem parafusos, tem medos, mas também ficou cheio de fome
Thiago Diz/WSL

Três meses após esfarripar um tornozelo, ser operado e ficar com uma placa e oito parafusos na perna, Frederico Morais vai competir em Peniche, na etapa portuguesa do circuito mundial de surf. A recuperação foi veloz, em contrarrelógio, mas o surfista ainda está a "desbloquear certas coisas". Sobretudo, as mentais: "É chato, uma pessoa tem sempre dores. Eu sei que o pé aguenta, mas a minha cabeça não me comunica isso." Nunca 'Kikas' surfou em Supertubos sem se esperar tão pouco de si. E ele gosta disso

Não era suposto, de todo, Frederico Morais estar no palanque de competição na praia dos Supertubos, um sol radiante a bater-lhe nas bochechas. Quer dizer, assim poderia sempre estar, vestido com roupa e calçado, seco e fora do mar. Houvesse sensatez, estivesse a prudência de braço dado com as estimativas, quem olhasse para a imagem que ‘Kikas’ partilhou, em dezembro, do seu esburacado tornozelo direito, com o pé meio-virado do avesso, ainda na praia, à espera dos bombeiros que o levariam, em maca, rumo ao hospital, nunca se afirmaria que o melhor surfista português iria escapulir-se ao tempo, quase passar-lhe a perna e chegar a março para estar aqui em Peniche, pronto a competir.

Há quase três meses exatos, ‘Kikas’ tinha a ligação da perna ao pé feita num caco. Sofreu uma “fratura com luxação do tornozelo (articulação tibiotársica)” na aterragem de um aéreo ao surfar uma onda tímida em tamanho, escreveu então no Instagram. Aconteceu a 12 de dezembro. Incluiu um vídeo da manobra, também fotografias explícitas da feia mazela. “Quando me magoei, a primeira coisa que perguntei ao meu pai, que é fisioterapeuta, foi se ia dar para surfar o CT de Peniche”, recordou, feliz e contente, assente nos dois pés, sem muletas ou sinais exteriores de quem teve de se deitar na mesa de cirurgia. Frederico Morais rompeu os ligamentos e ficou com uma placa e oito parafusos na perna.

Mas tinha uma missão.

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