Não era suposto, de todo, Frederico Morais estar no palanque de competição na praia dos Supertubos, um sol radiante a bater-lhe nas bochechas. Quer dizer, assim poderia sempre estar, vestido com roupa e calçado, seco e fora do mar. Houvesse sensatez, estivesse a prudência de braço dado com as estimativas, quem olhasse para a imagem que ‘Kikas’ partilhou, em dezembro, do seu esburacado tornozelo direito, com o pé meio-virado do avesso, ainda na praia, à espera dos bombeiros que o levariam, em maca, rumo ao hospital, nunca se afirmaria que o melhor surfista português iria escapulir-se ao tempo, quase passar-lhe a perna e chegar a março para estar aqui em Peniche, pronto a competir.
Há quase três meses exatos, ‘Kikas’ tinha a ligação da perna ao pé feita num caco. Sofreu uma “fratura com luxação do tornozelo (articulação tibiotársica)” na aterragem de um aéreo ao surfar uma onda tímida em tamanho, escreveu então no Instagram. Aconteceu a 12 de dezembro. Incluiu um vídeo da manobra, também fotografias explícitas da feia mazela. “Quando me magoei, a primeira coisa que perguntei ao meu pai, que é fisioterapeuta, foi se ia dar para surfar o CT de Peniche”, recordou, feliz e contente, assente nos dois pés, sem muletas ou sinais exteriores de quem teve de se deitar na mesa de cirurgia. Frederico Morais rompeu os ligamentos e ficou com uma placa e oito parafusos na perna.
Mas tinha uma missão.
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