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Tenistas não vacinados deverão ser impedidos de entrar na Austrália. Isso significa um Open da Austrália sem Novak Djokovic?

Djokovic, um dos tenistas em risco de não poderem participar no Open da Austrália
Djokovic, um dos tenistas em risco de não poderem participar no Open da Austrália
Cameron Spencer/Getty Images

O responsável máximo do estado de Victoria, onde se encontra a cidade de Melbourne, assumiu esta terça-feira que muito dificilmente a Austrália vai conceder vistos a quem não estiver vacinado contra a covid-19. E apesar de recusar a revelar se está vacinado ou não, Novak Djokovic admite que poderá falhar o torneio que já venceu por nove ocasiões, aguardando ainda por uma decisão final das autoridades australianas

Era abril de 2020, o mundo ainda vivia as primeiras semanas de um longo e duro confinamento e pululavam pela internet os lives e as sessões de Zoom entre famosos, também eles fechados em casa tal como o cidadão comum.

Num deles, entre atletas sérvios, Novak Djokovic foi claro: sendo contra as vacinas, via com desconfiança inocular-se contra a covid-19, numa altura em que a ciência ainda dava os primeiros passos na descoberta do líquido milagroso para a luta contra a pandemia.

Seguiram-se uns quantos comunicados, em que o número 1 mundial tentou, sem sucesso visível, aclarar a sua posição, falando de frases deturpadas e de querer ter a "opção de escolher" aquilo que era melhor para o seu corpo, admitindo estar "confuso" com todas as informações sobre as vacinas.

No verão seguinte, depois de organizar um torneio que se tornou num foco de infeção nos Balcãs, Djokovic voltou a mostrar-se cético em relação à obrigatoriedade de se vacinar, apesar de sublinhar que não é anti-vacinas. Ou pelo menos anti todas as vacinas.

Mas parece ter finalmente chegado o momento em que presumivelmente Djokovic e outros tenistas terão de escolher entre as convicções e a possibilidade de exercerem a sua profissão. Isto porque parece cada vez mais certo que apenas tenistas vacinados deverão ter visto para entrar na Austrália, onde em janeiro se disputará o primeiro torneio do Grand Slam de 2022, o Open da Austrália. Algo praticamente confirmado pelas autoridades de Victoria, o estado onde se encontra a cidade de Melbourne, onde decorre o torneio e onde já é obrigatório os atletas de alta competição locais estarem vacinados.

"Não acredito que um tenista não vacinado consiga visto para entrar neste país e mesmo que tenha visto vai ter de fazer quarentena por várias semanas", sublinhou Daniel Andrew, responsável máximo pelo estado de Victoria, à comunicação social.

O sérvio é o recordista de vitórias em Melbourne, com nove títulos
Matt King/Getty

Diretamente questionado sobre a possibilidade do recordista de triunfos no Open da Austrália, onde Djokovic venceu nove vezes, ficar de fora do torneio, Andrew preferiu não personalizar, frisando que "qualquer tenista ou golfista ou piloto de Fórmula 1" não deverá sequer conseguir visto para entrar na Austrália caso não tenha as duas doses da vacina.

"E se eu estiver errado, tenho a certeza tenho a certeza que o governo federal vai avisar-vos", atirou.

No entanto, e apesar de não dizer o nome do sérvio, o responsável lembrou que "[o vírus] não quer saber do lugar no ranking ou de quantos torneios do Grand Slam ganhaste".

Estatuto desconhecido

A verdade é que neste momento não se sabe se Novak Djokovic é ou não vacinado contra a covid-19. Ao contrário de Roger Federer, Rafael Nadal ou Andy Murray, que cedo defenderam a toma da vacina, o sérvio recusa revelar o seu estatuto. E numa entrevista ao jornal sérvio "Blic", este fim de semana, atirou-se mesmo a quem lhe pergunta sobre um tema que diz ser "privado".

"São perguntas inapropriadas", disse o líder do ranking e vencedor de 20 majors, numa entrevista em que assumiu dúvidas sobre a sua presença no Open da Austrália.

"As pessoas estão a ir demasiado longe, tomam a liberdade de fazer perguntas e julgar uma pessoa. Qualquer coisa que eu diga, aproveitam. É incrível que te julguem com base numa vacina. Não quero participar numa guerra que são os meios de comunicação que estão a fomentar", queixou-se o jogador de 34 anos, que diz querer, apesar de tudo, jogar o torneio.

"Estou a acompanhar a situação do Open da Austrália e acredito que nas próximas duas semanas se tomará uma decisão final", disse, admitindo no entanto que a situação "não parece boa".

Dados de setembro tanto do ATP como da WTA apontavam para uma taxa de vacinação entre os tenistas na ordem de apenas 50%, números muito longe, por exemplo, da NBA, WNBA ou NFL, onde as taxas de vacinação entre atletas estão acima dos 90%.

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