Olhando para o ranking feminino, é fácil concluir que o panorama atual é feito de Iga Swiatek e as outras. A jovem polaca tem praticamente o dobro dos pontos da 2.ª da lista, a tunisina Ons Jabeur, e há poucos dias o Twitter fazia contas ainda mais impressionantes: a diferença de Swiatek para Jabeur era maior (4236 pontos) do que a da norte-africana para a 464.ª do Mundo, a japonesa Erika Sema (4235 pontos).
E os pontos são apenas reflexo do domínio de Swiatek esta temporada: antes de entrar em campo este sábado para a terceira ronda de Wimbledon, vinha com 37 vitórias consecutivas, um recorde neste século, e seis títulos em seis finais em 2022, o último dos quais em Roland-Garros, numa caminhada que também inclui o Sunshine Double, com vitórias consecutivas nos WTA 1000 de Indian Wells e Miami. A postura da polaca, dominadora perante qualquer adversária, sem rival à altura depois de Ash Barty decidir com estrondo abandonar a competição, faria crer que a série de vitórias poderia estender-se para números estratosféricos.
Por isso, e apesar de não ter competido em relva antes do terceiro major do ano, a contas com uma lesão no ombro, a polaca era clara favorita ao triunfo em Londres. Porém ainda não é desta que a jovem de 21 anos aumenta o pecúlio em torneios de Grand Slam, onde conta com duas vitórias, ambas em Paris. Numa tarde muito desinspirada, nada característica, Swiatek pouco conseguiu fazer para evitar uma derrota clara frente à veterana Alizé Cornet, na maior surpresa deste Wimbledon. A francesa de 32 anos, que já este ano chegou aos quartos de final do Open da Austrália, venceu por 6-4 e 6-2.
Swiatek confirmou assim os sinais negativos que já tinha dado na ronda anterior, quando precisou de elevar o seu nível para bater a lucky loser Lesley Pattinama Kerkhove, apenas 138 do ranking e que deixou a polaca muito desconfortável, conseguindo mesmo roubar-lhe um set. A líder mundial venceria por 6-4, 4-6 e 6-3, mas durante todo o encontro mostrou uma insegurança pouco comum.
Frente a Cornet, uma tenista muito mais tarimbada que a neerlandesa, essas fragilidades voltaram a aparecer e os erros sucederam-se. Na segunda partida, Swiatek ainda entrou a quebrar Cornet, mas a gaulesa rapidamente se colocou na frente perante a apatia e pouco acerto da jovem de 21 anos.
Os quadros principais de singulares em Wimbledon ficam assim sem os primeiros do ranking. No masculino, o russo Daniil Medvedev foi impedido de participar e Swiatek cai agora inesperadamente no lado feminino. Das 33 cabeças de série, apenas sete se mantêm em prova.
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