O único problema de Djokovic na estreia em Wimbledon foi mesmo a humidade
Zac Goodwin - PA Images/Getty
O sérvio, que procura a 8.ª vitória no Grand Slam londrino, viu o seu jogo da 1.ª ronda com Pedro Cachín interrompido cerca de 90 minutos devido ao terreno escorregadio. Djokovic ainda andou de toalha na mão a ajudar à secagem, mas nem assim quebrou o seu ritmo: 6-3, 6-3 e 7-6 serviram para eliminar o argentino na 29.ª vitória consecutiva em Wimbledon - onde não perde no Centre Court há 10 anos
Há momentos marcantes do anedotário nacional e nesse particular quero aqui endereçar o meu mais sincero obrigada a quem, em tempos, tornou públicas imagens não editadas e nunca utilizadas de diversas reportagens de telejornal de determinado canal. Há o senhor que tem uma consulta às cinco, o outro que até chama burros aos jornalistas, “autenticamente”, mas um dos meus preferidos é o da senhora que padece de muita humidade em casa.
A palavra é repetida até à exaustão, compreensível porque quem já sofreu dela sabe que a humidade dá cabo das casas e da nossa saúde e dessa senhora muitos portugueses se terão recordado esta tarde enquanto esperavam e desesperavam pelo regresso de Novak Djokovic ao Court Central de Wimbledon. Entre o início do primeiro set do encontro que abriu o principal campo do torneio londrino, cumprindo sempre a tradição de dar esse palco ao vencedor do ano anterior, passaram-se quase 90 minutos. E a culpa foi mesmo da humidade.
Depois de dobrar o argentino Pedro Cachín no primeiro parcial por 6-3, a chuva já mais que habitual em Londres, faça inverno ou verão, deu um ar de si. E como já é habitual desde 2009, quando Wimbledon tomou a decisão tão crítica quanto cara quanto essencial de dar um céu ao Centre Court, ordenou-se o aparecimento do teto retrátil.
Acontece que depois de fechado o teto, os jogadores não apreciaram por aí além o estado do relvado: estava escorregadio, perigoso. A condensação não tinha feito maravilhas pelo terreno, a sofrer dos efeitos da, lá está, humidade. E começou então uma espécie de rábula, com Novak Djokovic, um dos desportistas mais conhecidos do planeta, o tenista homem com mais títulos em torneios do Grand Slam, de toalha na mão a tentar retirar água da relva, a improvisar uma espécie de ventoinha, a pedir a ajuda a todo o público para soprar e dar uma mãozinha a todos.
Zac Goodwin - PA Images
O terreno, na verdade, só ficaria decente para a prática desportiva depois da chuva parar e o teto abrir novamente. E aí, com maior ou menos dificuldade, o número 2 mundial, foi desfazendo os nós que Cachín lhe ia apertando, fechando o segundo set novamente com um 6-3. O esforço de andar de cócoras a enxaguar não foi problemático para Novak. O terceiro set foi mais equilibrado, com o argentino a levar a contenda para tie-break, terreno em que o sérvio é exímio, como é exímio em todas as situações de stress. O resultado ficou em 6-3, 6-3 e 7-6 e Djokovic continua a estender uma estatística impressionante entre as tantas estatísticas impressionantes que tem: o sete vezes campeão em Wimbledon não perde no court central do torneio londrino há 10 anos, desde 2013, quando ali foi derrotado por Andy Murray. A vitória sobre Cachín foi também a 29.ª consecutiva na relva de Wimbledon.
“Normalmente venho para cá com raquetes e não toalhas mas foi engraçado fazer algo diferente”, brincou um ainda assim sério Novak Djokovic, seguramente não muito contente com a espera de 90 minutos entre o 1.º e o 2.º set, porque são coisas que podem moer um tenista, retirar-lhe a vantagem mental, o momentum. Mas como Djokovic é Djokovic e não haverá muitos mais tenistas com a sua força emocional, o único problema, no fim de contas, foi mesmo a humidade. Na 2.ª ronda, o australiano Jordan Thompson será o adversário.
Iga Swiatek entra a voar
Quem nem sequer problemas com humidade parece ter tido foi a número 1 mundial Iga Swiatek, a entrar a todo o gás em Wimbledon com uma vitória fácil perante a chinesa Zhu Lin por 6-1 e 6-3, em uma hora e 21 minutos. Dias depois de ter desistido das meias-finais do torneio de Bad Homburg, com uma indisposição, a polaca, que nunca ultrapassou a 4.ª ronda em Londres, parece estar totalmente recuperada.
Num jogo em que atirou 22 winners, contra os sete da adversária, Swiatek sublinhou a “confiança” que diz sentir. “Acho que fiz um bom trabalho a adaptar-me à relva. Queria ver como é que me ia sentir hoje em court e senti-me bem”, disse ainda a jovem de 22 anos, que vem de uma vitória em Roland-Garros.