A chuva tem condicionado a edição de 2023 de Wimbledon. Enquanto, nos dois courts principais, estrelas do ténis ou pouco conhecidos britânicos vão jogando protegido dos caprichos do clima, nos campos exteriores, desprotegidos, espera-se que a água deixe da cair para que as bolas amarelas possam voar.
O embate da primeira eliminatória entre Nuno Borges, 69.ª da hierarquia mundial, mais cotado jogador português e único tenista nacional no quadro principal de singulares, e Francisco Cerundolo, argentino 19.º do ranking, estava inicialmente agendado para terça-feira, mas a chuva obrigou a adiá-lo para quarta-feira.
Iniciado o duelo, o argentino quebrou logo o serviço do maiato, arrancando a confirmar o favoritismo. No entanto, o encontro foi duas vezes parado devido à insistente chuva. Quando as gotas deram tréguas, o que se viu no court foi um cenário totalmente distinto.
Preciso e agressivo, Borges acrescentou variedade ao seu jogo. Esquerdas ao longo, bolas curtas, subidas à rede. Num dado momento, protagonizou, de seguida, dois dos mais belos pontos da jornada londrina. De 3-5, foi para 7-5, impondo-se no set inaugural e abrindo uma janela para estar na segunda eliminatória.
Só que, quando o português melhor estava, num dos momentos mais importantes do ano, o azar bateu-lhe à porta: numa mudança de direção, escorregou e caiu, ficando imediatamente a queixar-se do pé direito.
A cara de preocupação de Borges era evidente, sendo partilhada por Rui Machado, seu técnico. O número um nacional foi assistido por um fisioterapeuta e a certa altura pareceu mesmo tonto, com face perdida, tendo até um daqueles sacos para vomitar na mão. Passados longos minutos, regressaria ao embate, mas sem a imagem que acabara de mostrar.
Fisicamente condicionado, os três parciais seguintes foram a crónica de um desfecho anunciado. Em duas horas e 46 minutos, Cerundolo selaria a passagem à segunda ronda com um 6-3, um 6-3 e um 6-4 a dar a volta ao 5-7 inicial.
Tal como no ano passado, Borges cai à primeira em Wimbledon, que deixa de ter portugueses no quadro principal. João Cunha e Silva, João Sousa e Michelle Larcher de Brito continuarão como únicos representantes nacionais a terem vencido um encontro no quadro principal da catedral da relva.
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