Naquela tarde nublada de um final de maio por si só já acinzentado pelos tempos pandémicos que nos afastavam e escondiam os rostos, ele virou-se para trás, gritou e ergueu os braços na direção do treinador.
O pitoresco Central do Jamor tinha as bancadas despidas, consequência das restrições impostas por várias frentes que fizeram do maior torneio ATP Challenger até então organizado em Portugal um espetáculo altamente restrito, discreto até se não fossem os desenvolvimentos tecnológicos a permitir projetá-lo para lá das fronteiras mesmo sem o público a acompanhá-lo in loco.
Mas ele lá estava, reservado aos olhares de poucas dezenas de sortudos que, pelas suas funções, tinham a possibilidade de ali estar, separados por metros e protegidos por máscaras que escondiam, mas não eram capazes de eliminar a sensação geral de admiração. Afinal, era quase como se ali, naquele palco histórico do ténis português, se estivesse a testemunhar o surgimento de um novo artista, talvez até de um novo movimento, mesmo se este é um desporto secular em que tudo se pensa já ter visto e os números faziam crer que o melhor tinha acabado de vir.
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