Ténis

Jannik Sinner leva a Itália às costas rumo ao triunfo na Taça Davis

Jannik Sinner leva a Itália às costas rumo ao triunfo na Taça Davis
Clive Brunskill/Getty
Com grandes atuações do n.º4 do ranking ATP, os transalpinos bateram, na final, a Austrália, conquistando o título mais importante do ténis por seleções. É apenas a segunda vez que Itália ganha a Davis, quebrando um jejum que durava desde 1976
Jannik Sinner leva a Itália às costas rumo ao triunfo na Taça Davis

Pedro Barata

Jornalista

Jannik Sinner não corresponderá ao estereótipo de italiano que muitos teremos na cabeça. Nasceu em Innichen, no Tirol do Sul, ali a beijar a Áustria. Ganhou destaque a esquiar e tem um aspeto mais alpino do que latino.

Mas são estas as particularidades de um país que tanto faz fronteira com a Suíça como, na outra ponta, tem a Tunísia ali tão perto. Talvez pelas suas particularidades culturais, quiçá apenas pela raiva que vive no nosso mundo, Sinner foi, recentemente, muito criticado em Itália por falhar alguns encontros da Taça Davis.

Como a vitória é o melhor dos remédios, agora ninguém pensará nas origens de Sinner ou nas ausências dos compromissos de há uns meses. Jannik é o novo herói nacional, primeira páginas de jornais e louvado nas redes sociais. Às asas do talento do n.º4 do ranking ATP, a Itália é a nova campeã da Taça Davis, espécie de Mundial das raquetes.

Na final, os transalpinos bateram a Austrália. No primeiro ponto, Matteo Arnaldi (n.º44 do mundo) bateu Alexei Popyrin (n.º40) por 7-5, 2-6 e 6-4. Para devolver a taça a Itália 47 anos depois, bastava que Sinner derrotasse Alex De Minaur. E assim foi, com um contundente 6-3 e 6-0.

Sinner já brilhara nas meias-finais, batendo Djokovic no encontro-chave deste êxito. Contra o sérvio, o italiano esteve contra as cordas no terceiro set. Novak dispôs de três match points, o que no mundo predatório de Djokovic costuma significar game over. Mas Sinner resistiu, salvou aqueles pontos e venceria o duelo, abrindo as portas do céu para Itália.

Jannik conclui, assim, um 2023 de grande nível: vencedor da Taça Davis, finalista vencido das ATP Finals, melhor ranking de sempre, primeiro título de Masters 1.000, primeira meia-final de Grand Slam, vitórias frente a Djojovic ou Medvedev.

Este êxito corresponde, também, ao crescimento do ténis italiano. Além de Sinner, há ainda o muito talentoso Lorenzo Musetti, 27.º da hierarquia aos 21 anos, Matteo Arnaldi, 44.º aos 22, e outros cinco jogadores do país com menos de 22 anos entre os 200 melhores do mundo.

Há bem pouco, o ponta-de-lança da bola amarela no país era Matteo Berrettini. No entanto, as lesões têm condicionado o finalista de Wimbledon em 2021, que esteve em Málaga a apoiar a seleção. No seu discurso de vitória, Sinner agradeceu a “energia positiva” que o romano transmitiu. Mas não restam dúvidas sobre quem lidera este ressurgimento do ténis no país que vai dos frios Alpes às águas quentes do Mediterrâneo.

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