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Carlos Ramos foi o árbitro do jogo ‘a brincar’ entre Djokovic e Alcaraz, mas “está fora de questão” voltar a arbitrar a sério

Em 2019, no Open da Austrália, o torneio do Grand Slam onde Carlos Ramos se sentia melhor.
Em 2019, no Open da Austrália, o torneio do Grand Slam onde Carlos Ramos se sentia melhor.
Mark Kolbe/Getty

Para apimentar um pouco a nova rivalidade que tem dado espetáculo ao ténis, a Arábia Saudita usou os seus milhões para, na quarta-feira, ter um jogo de exibição em Riade com Novak Djokovic e Carlos Alcaraz, ganho pelo espanhol. A cuidar do encontro esteve Carlos Ramos, antigo árbitro que se retirou em abril e esteve na cavaqueira com ambos os tenistas junto à rede. Aos 52 anos e apesar de ter gostado de reviver antigas sensações num “jogo muito competitivo”, garante que não ficou com vontade, “de maneira nenhuma”, de voltar a arbitrar oficialmente

Por mais inevitável que seja os dois expoentes atuais do ténis caírem no previsível de quererem, sempre, ganhar um ao outro, durante uma larga parte do jogo entre Carlos Alcaraz e Novak Djokovic viram-se sorrisos, brincadeiras e piadolas a serem trocadas. Não havia pontos em disputa para o ranking ATP, o caneco que se entregou no final seria o pedaço de cerâmica mais irrelevante a constar na estante de qualquer um deles e nem sequer estariam a dar o máximo - pelo menos o sérvio, pela sua não avidez em esticar-se para tentar alcançar certas bolas - em Riade.

Lá estiveram na quarta-feira, cortesia de uma fatura que não terá sido barata para os endinheirados bolsos de quem se encarregou de os cortejar com uma ida à Arábia Saudita, no final das suas respetivas pré-épocas, para jogarem um encontro de exibição. E para o país que é hoje o sol irradiante de cifrões à volta do qual orbitam cada vez mais modalidades desportivas também viajou quem, no dia seguinte à partida, aproveitou para ir passear pela cidade, feito que estava o seu trabalho de tirar o pó à reforma num jogo que “foi muito competitivo”.

Retirado desde abril, Carlos Ramos aceitou o convite de sentar-se na cadeira de árbitro em Riade para um par de encontros. Na véspera, esteve no jogo entre Ons Jabeur e Aryna Sabalenka. Aos 52 anos, deu para reviver os tremeliques de barriga lá no alto do lugar que supervisiona o court, mas não mais do que isso, garante: “Foi só uma brincadeira, só voltei a arbitrar porque perguntaram se eu estava disponível e porque era uma exibição. Não vou voltar a arbitrar jogos oficiais, quando decidi este ano que não voltava a arbitrar a decisão está tomada. Desta vez foi giro voltar à cadeira, mas não fiquei com vontade de voltar a arbitrar, de maneira nenhuma.”

Senhor que experimentou o assento de árbitro em 10 finais de Grand Slams, o português só ponderará voltar à cadeia em jogos de exibição, caso surjam mais convites. Na Arábia Saudita, nem tinha juízes de linha e era apenas ajudado pelo sistema Hawk-Eye Live, com o qual mesmo assim “pode correr mal” e “estás sempre um bocadinho na corda bamba, mas muito menos do que em jogos oficiais”. Visto na cavaqueira junto à rede com Djokovic e Alcaraz antes do jogo, porque já os conhecia, Carlos Ramos explica como, apesar do contexto de exibição “há sempre alguma pressão, mas é uma pressão que tu aprendes a gostar dela”, como ele gosta. E gostou muito de “estar na cadeira e de sentir que estava a arbitrar bem”, mas não mais do que isso.

Então e o jogo de ontem? Deve ter sido os mais fáceis de arbitrar, com aquela boa disposição toda.
É um jogo, pronto, em termos de arbitragem não aconteceu nada, sabes que aqui, não sei se viste, mas aqui tinha o Hawk-Eye sem juízes de linha, portanto, era o Hawk-Eye sem juízes de linha e mais o Hawk-Eye live, percebes? Sem juízes de linha, em que habitualmente há menos situações de arbitragem há, com o Hawk-Eye live com há ainda menos situações, menos problemas de arbitragem em geral. Ainda por cima, sendo uma exibição, ainda menos problemas há. E foi o caso. Não houve nada, nenhuma questão de arbitragem, foi apenas jogar e o jogo foi bom.

Tanto o Alcaraz como o Djokovic estavam muito descontraídos e quando se reuniram junto à rede até se viu ali quase uma cavaqueira entre vocês.
Ter essa oportunidade para estar com eles num clima mais descontraído, vá. Depende muito dos jogos de exibição, mas este aqui foi um bom jogo em termos de qualidade, foi um bastante bom jogo. Ao mesmo tempo, são jogos em que nenhum deles quer perder, mas estão mais descontraídos do que num jogo num torneio, sim. Tanto um como o outro estavam mais relaxados do que é hábito, que é o que é, então isso é um ambiente mais descontraído, a palavra mesmo é essa.

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