Ténis

O corpo, sempre o corpo: Rafael Nadal regressou ao ténis, mas uma lesão obriga-o a parar outra vez

O corpo, sempre o corpo: Rafael Nadal regressou ao ténis, mas uma lesão obriga-o a parar outra vez
PATRICK HAMILTON/Getty
Após terminar com mazelas o último dos três jogos que fez em Brisbane, no seu regresso aos courts, o tenista espanhol anunciou, este domingo, que não vai competir no Open da Austrália devido a uma micro rotura muscular. Nadal “sempre disse que queria estar no melhor nível em três meses” e agora vai apontar para regressar na fase de terra batida da época, a sua superfície predileta

Com pinças e pé ante pé, Rafael Nadal sempre se vestiu com a mais cautelosa das prudências. Dissera que a sua felicidade estava no simples ato de poder estar num court de ténis a regressar ao ativo, que pensava um dia de cada vez, nem permitia ter a cabeça na hipótese de ganhar torneios. Com a sapiência dos 37 anos e uma ausência de quase um ano a plasmá-lo, o espanhol foi a Brisbane, na Austrália, tentar aproximar-se de quem para começar o seu último hurrah neste 2024.

Este domingo despertou com ele a dar a notícia de que o seu regresso teve um solavanco. Nadal não irá jogar o Open da Austrália, que arranca a 14 de janeiro, devido a uma microrotura sofrida na perna durante o terceiro jogo que fez no torneio ATP 250, perdido para Jordan Thompson. “Como sabem, tive um pequeno problema no músculo que me deixou preocupado. Fiz uma ressonância magnética e a micro rotura não é na mesma zona da lesão, o que é uma boa notícia”, escreveu no X, admitindo não estar “pronto a competir no máximo nível de exigência a cinco sets”.

A mazela surgiu no mais extenuante das partidas que o tenista enfrentou em Brisbane. O relógio já ia para lá das três horas quando pediu assistência médica, no terceiro set, antes de finalmente acabar por perder com os parciais 5-7, 7-6(6) e 6-3. Um dos atrativos do primeiro Grand Slam deste ano eram as purpurinas das expetativas em torno do regresso de Rafael Nadal para competir contra o seu velho rival Nova Djokovic, que entretanto subiu a parada em número de majors (o sérvio tem 24, o espanhol está nos 22), e frente ao emergente talento de Carlos Alcaraz.

Essa convergência terá de aguardar mais um pouco, porque Nadal vai falhar o 16.º Grand Slam na carreira. “Trabalhei muito para regressar este ano, mas sempre disse que o meu objetivo era estar ao meu melhor nível em três meses”, explicou Rafa, não sendo de todo inocente nessa linha temporal - em abril é quando começará a fase de terra batida da época, a sua superfície predileta onde é o maior dos alquimistas de um ténis sublime. “Dentro da triste notícia que é eu não ser capaz de jogar em Melbourne diante de um público incrível, não é assim tão má e continuamos otimistas para a evolução da temporada.” A raquete do canhoto está agora totalmente focada no pó de tijolo.

Quando chegar a terra laranja de que tanto gosta, Nadal já estará bem perto de cumprir 38 anos (em junho), idade com que procurará também ir aos Jogos Olímpicos de Paris, com a prova de ténis marcada para o lugar onde os visitantes têm as boas-vindas dadas por uma estátua sua. Roland Garros seria sempre o objetivo maior do tenista: o Grand Slam começará a 26 de maio e, antes, haverá os torneios de Monte Carlo (7 de abril), de Barcelona (15 de abril), de Madrid (24 de abril) ou de Roma (8 de maio). Qualquer um poderá acolher um segundo regresso de Rafa na primavera deste 2024.

Antes da viragem do ano, em dezembro, o tenista dizia que esperava “ser capaz de aceitar que as coisas vão ser muito difíceis ao início” e dar-se “o tempo necessário” para ter paciência com ele próprio. O corpo e os músculos que jamais o deixaram em paz durante a sua ascensão ao Olimpo desportivo voltaram a lembrar Rafael Nadal tão pouco desta vez terá uma aventura sem espinhas.

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