As maratonas já moem os ossos e os músculos de quem ostenta respeitáveis 37 anos no bilhete de identidade. E até o antes inquebrável Novak Djokovic sofre. Depois de duas rondas intermináveis, com jogos a cinco sets em que teve de dar a volta por cima, com horas e horas em court, o sérvio anunciou a desistência de Roland-Garros, devido a uma lesão no joelho direito, estendendo assim a passadeira cor pó de tijolo a Casper Ruud, que passa assim diretamente às meias-finais do torneio.
Depois de na segunda-feira ter passado 4h39 em court no jogo frente a Francisco Cerundolo - venceu 6-1, 5-7, 3-6, 7-5 e 6-3 -, Djokovic revelou que ainda não tinha certezas se conseguia jogar os quartos de final. Durante o duelo com o argentino, onde chegou a ter desvantagem de um break no quarto set, o campeão em título foi assistido pelo fisioterapeuta e jogou medicado, assumindo que durante o segundo e terceiro sets, conquistados por Cerundolo, não conseguiu entrar em trocas de bola longas.
“Não me sentia cómodo a correr, a certo ponto cheguei a perguntar-me se devia continuar. Pedi mais medicamentos depois do terceiro set e tomei a dose máxima que podia tomar”, referiu o sérvio, que deu a volta no 4.º e 5.º, altura em que os analgésicos faziam efeito.
Contudo, os exames realizados esta terça-feira revelaram um problema no menisco direito, que impedem Djokovic de defender o título em Paris. Já na 3.ª ronda, o 24 vezes vencedor de torneios do Grand Slam tinha estado em court durante 4h30 frente a Lorenzo Musetti, um encontro que terminou já para lá das 3h da manhã em França.
Este é mais um episódio da terrível época de 2024 de Novak Djokovic, que esta temporada ainda não conseguiu chegar a qualquer final e tem sofrido com alguns problemas físicos e derrotas inesperadas com adversários mais modestos. A liderança do ranking mundial fica assim impossível de manter.
Sinner será número 1
A desistência de Novak Djokovic tem duas consequências práticas. Nos últimos 20 anos, desde 2004, que só quatro homens venceram Roland-Garros: Rafael Nadal, Novak Djokovic, Roger Federer e Stan Wawrinka. Vamos ter, portanto, uma cara nova a vencer o torneio. E essa cara nova até pode ser o homem que vai ultrapassar Novak Djokovic no topo do ranking mundial na próxima atualização: o italiano Jannik Sinner.
O campeão do Open da Austrália deste ano vai tornar-se no primeiro transalpino número 1 mundial e já está nas meias-finais depois de bater confortavelmente Grigor Dimitrov nos quartos de final, em três sets, com parciais de 6-2, 6-4 e 7-6. Na próxima ronda, Sinner vai encontrar o vencedor do duelo entre Carlos Alcaraz e Stefanos Tsitsipas.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: lpgomes@expresso.impresa.pt