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Quem é e de onde veio Jaime Faria, o tenista português que celebra à Gyökeres e se qualificou para o Open da Austrália

Quem é e de onde veio Jaime Faria, o tenista português que celebra à Gyökeres e se qualificou para o Open da Austrália
SOPA Images
Começou 2024 no 411.º lugar do ranking, mas, jogando quase sempre em solo nacional, foi subindo degraus e acabou o ano na 123.ª posição. Fã de Tsonga, Monfils ou Messi, contou à Tribuna Expresso como olha para o ténis “de uma maneira divertida” e cresce “como homem e jogador” no grupo de treino que a Federação montou no Centro de Alto Rendimento. Dono de um serviço-canhão, Jaime Faria acabou de se qualificar, pela primeira vez, para um Grand Slam e vai jogar o Open da Austrália. Esta é uma versão atualizada do perfil de Jaime Faria, publicado originalmente em abril de 2024
Quem é e de onde veio Jaime Faria, o tenista português que celebra à Gyökeres e se qualificou para o Open da Austrália

Pedro Barata

Jornalista

Lá muito longe, nos courts secundários do pulmão desportivo de Melbourne, ia a madrugada já longa em Portugal, um português arremessou uma bola de ténis ao ar, deu-lhe uma pancada-martelo, saiu um serviço poderoso e ouviu-se game, set, match. A bola saiu limpa, ressaltou no lado do adversário, este não lhe tocou e fez quem estava do outro lado da rede sucumbir aos próprios joelhos.

Jaime Faria rendeu-se às cócoras, pendeu a cabeça por uns segundos e, ao endireitar a espinha, deixou cair a raquete e o boné. Largou o momento de consciencialização da proeza e começou a dirigir-se à rede para cumprir o dever do cumprimento ao adversário. Mas, a meio caminho, lembrou-se de um costume seu - e procurou a câmara, virou-se para ela, entrelaçou as mãos abaixo da linha dos olhos e congelou essa pose que imita um grandalhão que nada tem a ver com ténis e farta-se de marcar golos no futebol.

Com esta marca celebratória Jaime Faria fez questão de se mostrar aos grandes holofotes do ténis. Recém-apurado para o quadro principal do Open da Austrália, onde vai arrancar o ano com uma estreia em torneios do Grand Slam, a história do tenista português de 21 anos que festeja vitórias à Viktor Gyökeres começou longíssimo da Austrália, no Algarve, igualmente por influência de outras estrelas.

Este é um resumo dessa sua história.

No começo do século XXI, várias estrelas já retiradas do ténis mundial passaram pelo Vale do Lobo Grand Champions. Yevgeny Kafelnikov, Thomas Muster, Goran Ivanisevic ou Stefan Edgberg desfilaram pelo torneio que exibia velhas glórias da bola amarela.

Por volta de 2010, um pai que era aficionado do jogo das raquetes decidiu levar os dois filhos à competição. O mais velho tinha seis anos, o mais novo quatro. A maior parte das crianças que estava no Grand Champions ficava pela zona criada para os pequenos brincarem enquanto os maiores deleitavam a vista com as lendas de outrora. Mas, naquela família que residia no Algarve, havia uma exceção.

Jaime Faria, de meia-dúzia de voltas ao sol passadas no mundo dos vivos, pedia ao pai para assistir aos encontros. Havia qualquer coisa que o fascinava no voar das bolas, no barulho das raquetes a cada pancada, na magia do court, do público.

Bebida aquela experiência, pediu aos pais para começar a jogar ténis. “E, bem, tem sido a minha vida”, diz, 14 anos passados.

Nesta vida que leva duas décadas de existência, a inspiração do torneio de Vale do Lobo é o tiro de partida para uma viagem que, em 2024, tem conhecido uma ascensão fulgurante. Nem Jamie Faria “esperava um arranque de temporada assim”.

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