Em miúdo, Jaime Faria desenhava os quadros dos Grand Slams. Agora abre a app do ATP e “é giro” ver o seu nome no Open da Austrália

Jornalista
Quando era miúdo, um dos divertimentos de Jaime Faria era desenhar os quadros principais dos torneios do Grand Slam, aquela ramificação de linhas que se unem e desembocam em cada vez menos linhas até que só restam duas, para os dois jogadores da final. “Desenhava o quadro e metia os 128 jogadores. É engraçado, até comentei isso com os meus pais, hoje abri a app do ATP Tour e vi o meu nome no quadro do Open da Austrália… é muito giro”, conta do outro lado da linha, já a noite vai alta em Melbourne e o dia está praticamente a espreguiçar-se em Portugal.
O tenista nascido em Lisboa há 21 anos, de talento forjado no CAR do Jamor, o projeto que evitou que os aspirantes a domadores da bola amarela tivessem de saltar a fronteira para evoluir no seu mester, tornou-se esta semana no 10.º português a chegar ao quadro principal de um torneio do Grand Slam, onde terá a companhia de Nuno Borges, seu companheiro de treino no Jamor. Depois de uma adaptação “não muito rápida” à presença nos antípodas, onde está pela primeira vez, e de uma derrota custosa no torneio de Camberra, foram três rondas de qualificação no primeiro Grand Slam do ano, sempre a evoluir, até ao festejo final, à Gyökeres, que até mereceu menção especial nas redes sociais do Open da Austrália.
Chegar ao quadro principal de um major, confessa, era “o” sonho e não “um” sonho. “Há muitos jogadores que dizem que ganhar um Grand Slam ou ser número 1 mundial é o sonho deles. Mas para mim jogar o quadro de um Grand Slam era o meu sonho, portanto posso dizer que vou realizá-lo já neste domingo”, conta à Tribuna Expresso, horas depois de mais um treino.
A estreia no quadro principal de um dos quatro principais torneios do ténis até podia ter acontecido há mais tempo. Em maio, Jaime Faria caiu no derradeiro jogo do qualifying de Roland-Garros, mas sem essa derrota talvez nem tivéssemos aqui a falar. “Não o ter feito em Roland-Garros ajudou-me neste momento”, garante, porque as derrotas ensinam muito. “Acho que daí para cá consegui evoluir. Não em termos de ténis, porque sinto-me um jogador idêntico, mas mentalmente, a lidar com algumas situações, momentos do jogo”, continua.
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