Andebol

A crença de Portugal foi ao (duplo) prolongamento para ir buscar mais história e chegar à final do Mundial sub-21 de andebol

A crença de Portugal foi ao (duplo) prolongamento para ir buscar mais história e chegar à final do Mundial sub-21 de andebol
IHF / Kolektiff

Pela primeira vez, Portugal vai jogar a final de um Campeonato do Mundo de andebol. Será no domingo, contra a Dinamarca (18h30). E a seleção vai lá estar porque acreditou, resistiu e ganhou às Ilhas Faroé, por 38-37, numa meia-final que durou 80 minutos e precisou de dois prolongamentos para desfazer a igualdade

O pivô Ricardo Brandão dissera-o, mais do que uma vez: importa o que está dentro da cabeça, a crença de que seja quem for o adversário os portugueses são capazes de o superar. Primeira acredita-se que é possível, depois sente-se. O treinador Carlos Martingo ainda o repetiu com maior reincidência: o mais relevante é a convicção, nunca a perder, tê-la omnipresente em cada um dos que integram a seleção, no caso esta, com projetos de adulto até aos 21 anos.

Eles acreditaram bastante e contra as Ilhas Faroé, vindas lá de terras vizinhas do Ártico com os seus rapazes colhidos de 70 mil habitantes, tiveram que acreditar com uma dose cavalar, porque muito lhes custou superá-los, mas lá conseguiram: Portugal está, pela primeira vez, na final de um Campeonato do Mundo de andebol masculino, sénior ou neste escalão dos sub-21 que caçaram até às últimas este pedaço de história para o desporto nacional.

A seleção bateu os nórdicos, por 38-37, após um longuíssimo encontro que ao fim da hora regulamentar estava empatado - Portugal vencia ao intervalo, por 15-12 - e, nos 10 minutos de prolongamento, manteve a igualdade. Foi necessária a angústia e o consequente espremer da última gota de esforço, num segundo prolongamento, para os portugueses lidarem com a força quase imparável que é Óli Mittún, provável melhor jogador da prova (fez 11 golos) e confirmarem a vitória.

Oitenta minutos depois, os jogadores nacionais jogaram à apanhada, desenfreados a correrem atrás de Diogo Rêma, o decisivo guarda-redes, feito de braços, pernas e paradas elásticas, a maior reservada mesmo para o fim. Após se ouvir a sirene a avisar que se esgotara o tempo, o guardião defendeu um livre de 7 metros e desatou a correr feito louco no pavilhão, todos os restantes no seu encalço, envaidecidos também, incluindo Filipe Monteiro e os seus oito golos (foi o melhor marcador português).

Eles são já históricos no desporto nacional - é a primeira final de sempre em Mundiais para o andebol português.

O melhor que Portugal fizera, neste escalão, fora um 3.º lugar no torneio de 1995. A nível sénior, ainda se sente a fragrância do sublime pintado de fresco: em janeiro último, a seleção nacional agarrou-se à 4.ª posição do Mundial.

A partida decisiva deste Mundial que decorre na Polónia será no domingo, às 18h30, em Katowice. O adversário será Dinamarca, vencedora já de três edições deste torneio (em 1997, 1999 e 2005) e nação temível do andebol, que conquistou os últimos quatro Campeonatos do Mundo sénior. Será fazer chover no molhado pensar, por um segundo, se os jogadores português creem que é possível suplantar os dinamarqueses.

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